A seguir, a íntegra da entrevista:
Sputnik: Esta é a primeira vez, em 16 anos, que uma equipe de futebol dos EUA joga em Cuba. Este fato, na sua opinião, é mais importante do ponto de vista esportivo ou político?
S: Oficialmente os jogadores de Cuba não podem disputar partidas nos EUA porque são vistos como desertores. Com a realização desta partida entre Cuba e Cosmos, você vê esta situação como um primeiro passo para terminar com essa proibição? Isso pode demandar um longo processo?
S: Você sabe se há algum interesse financeiro nesta partida entre Cosmos e a Seleção de Cuba ou este jogo está sendo realizado apenas do ponto de vista da promoção esportiva e política?
S: Quando uma partida como esta, um jogo como este, entre Cosmos e a Seleção de Cuba assume uma conotação diplomática, política, isso serve para mostrar ao mundo os bons aspectos do esporte, do futebol?
ML: Penso que sim. O fato de o Cosmos estar em Cuba neste momento em que as relações entre os países estão se abrindo – lentamente, mas estão se abrindo entre os dois países – mostra que sim, que é possível, que os dois países podem ser amigos e resolver diferenças. O futebol pode ser um dos meios que permitam aos dois países se aproximar.
S: Uma das personalidades que estiveram presentes nesta partida foi Pelé, que chegou a Cuba no início da semana. A presença dele neste jogo reforça o aspecto diplomático da iniciativa? Ou sublinha o aspecto meramente esportivo deste jogo?
S: Uma partida como esta serve para adestrar, para melhorar, a preparação da Seleção de Cuba com vistas às eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018 na Rússia?
ML: Sim, definitivamente, sim. Especialmente neste momento que o futebol cubano está vivendo – uma transição de antigos jogadores para uma geração de talentosos atletas que no ano passado conseguiram classificar-se ao Mundial Sub-20, na Turquia, pela primeira vez na história. E que também estiveram a ponto de eliminar a Seleção Mexicana de Futebol Sub-21 nos Jogos Centro-Americanos e do Caribe. Definitivamente, esses jogos ajudam a criar essa união entre jogadores de convocações anteriores com essa nova geração de jogadores cubanos que estão surgindo.
S: Na sua opinião, quais as possibilidades de Cuba chegar à Copa do Mundo 2018?
S: Os cubanos gostam muito de futebol ou têm outro esporte como preferência?
ML: Definitivamente, gostamos muito de futebol. Durante anos, o esporte conhecido por todos e principal em Cuba tem sido o beisebol. Não só pelo sucesso que tem na história, mas também pelo apoio do ponto de vista político. O Governo cubano sempre fez muito esforço pelo desenvolvimento do beisebol, por vê-lo como uma arma, uma forma de confrontar os Estados Unidos. Era a possibilidade de vencer o inimigo através do esporte. O futebol não teve o mesmo desenvolvimento nem apoio, mas sempre contou com uma grande quantidade de aficionados. Nos últimos anos, esses fãs cresceram porque se liberou um pouco mais a transmissão de partidas. É possível ver durante toda a semana partidas das principais ligas do mundo. Quando eu era jovem, em Cuba, para poder ouvir uma partida, era preciso sintonizar a Rádio Exterior da Espanha. Era o único lugar em que alguém poda ouvir uma partida. Não ver. Simplesmente escutar. Agora as crianças e os jovens recebem, tanto do estrangeiro como da televisão cubana, partidas da América do Sul e da Europa, e pouco a pouco o futebol vai ultrapassando o beisebol. Nas ruas cubanas, se veem muito mais crianças ou jovens jogando futebol ou batendo uma bola do que o beisebol, que sempre foi o esporte nacional. Sempre se gostou muito do futebol em Cuba. Houve altos e baixos, mas sempre houve muitos apaixonados pelo futebol em Cuba.