O presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro, Marcos Penido, em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, chama a atenção para a importância da FIFA no cenário mundial, reunindo cerca de 200 países, e diz que o trabalho da Federação Internacional não pode acabar por causa do escândalo de corrupção. “Eu torço para que a FIFA não acabe”, afirma Penido. “Uma entidade que consegue reunir mais países do que a ONU tem que ter seus méritos reconhecidos. Não se pode achar que por causa de um grupo de pessoas – corrompidas ou não, porque é preciso se provar ainda na justiça – todo um importantíssimo trabalho deva acabar. Eu espero que a FIFA encontre uma solução nela mesma, e seja capaz de continuar mantendo esse grande número de países envolvidos em prol do projeto de futebol no mundo.”
Sobre qual deva ser o perfil ideal do novo presidente da entidade, Marcos Penido acredita que precisa ser alguém totalmente neutro diante da atual situação de crise. “Tem que ser, antes de mais nada, alguém com uma respeitabilidade absoluta, que não tenha nenhum tipo de suspeita sobre si, porque o mundo inteiro está olhando. Torço para que seja uma pessoa correta, que possa colocar a FIFA nos melhores rumos. Um nome mais neutro e com credibilidade com todos.”
Marcos Penido acredita que a ação do FBI na FIFA vai ter desdobramentos não só no futebol brasileiro, mas no mundo todo. O jornalista é a favor da CPI pedida pelo Senador Romário para investigar um suposto esquema de corrupção envolvendo dirigentes da CBF: “O Brasil não é um país isolado do mundo. Corrupção não é privilégio de um país. Se existe corrupção, ela deve ser apurada em todos os países que estão sob suspeita. A transparência é o melhor caminho.”
O presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro avalia ainda que a saída de Joseph Blatter da presidência da FIFA não está só ligada à pressão de patrocinadores pedindo a renúncia, como foi dito pelo jornalista escocês Andrew Jennings, responsável por muitas revelações sobre corrupção na entidade. Para Marcos Penido, os patrocinadores já sabiam da situação delicada de Blatter, muito antes do escândalo de corrupção na entidade vir à tona.
“Eu não acredito que a renúncia de Blatter tenha sido só pela pressão dos patrocinadores da FIFA, porque durante o processo de eleição eles já sabiam da situação dele, e mesmo assim continuaram o apoiando. Agora, pressão sempre vai haver. Uma vez que existe suspeita, existe pressão.”
Resta a questão de que o Reino Unido e os Estados Unidos, que perderam no processo de escolha das sedes das Copas de 2-018 e 2022, possam pressionar a FIFA para tirar da Rússia e do Qatar o direito que conquistaram no voto.
O Professor Pedro Trengrouse, especialista em Direito Esportivo da Fundação Getúlio Vargas, acredita que a investigação das irregularidades na FIFA vai muito além da prisão de dirigentes. Também em entrevista exclusiva à Sputnik, ele diz que a operação deflagrada pela Justiça dos EUA tem nítidos interesses econômicos e principalmente políticos.
Trengrouse comenta: “Primeiro, os Estados Unidos começaram uma investigação logo após perderem a escolha da Copa do Mundo de 2022 para o Qatar, o que já representa uma razão política; em seguida, depois de 3 anos de investigações, foram escolher justamente a véspera da eleição da presidência da FIFA para ter reflexos no pleito. Essa ação do FBI é muito conveniente para quem quer tirar Joseph Blatter do poder.”