O ministério das Relações Exteriores turco tachou a decisão do Senado de "irresponsável" e declarou em nota que a mesma "distorce os fatos históricos sobre os eventos de 1915".
A primeira delas é o famoso jornalista turco de origem armênia Etien Mahcupyan, que até abril de 2015 ocupou o cargo de principal assessor estatal do primeiro-ministro da Turquia, Ahmet Davutoglu. Na sua opinião, o "genocídio de armênios" não é um problema prioritário para a Turquia.
"A Turquia trata esse problema dentro da lógica do Estado-Nação, e se sente no dever de responder a tudo o que diz respeito a esta questão. Enquanto o Estado turco tiver o apoio do seu povo nesse sentido, o mesmo continuará reagindo de maneira brusca a tudo aquilo que o forçar a reconhecer o "genocídio de armênios". As discussões em torno desse problema começaram na Turquia há relativamente pouco tempo. E isso não está ligado apenas à questão armênia, mas ao entendimento geral de que desde o início do século 20 a história da Turquia vem sendo apresentada a nós de maneira distorcida. A Turquia já não quer mais ouvir a sua história de estrangeiros" – explicou Mahcupyan.
O segundo entrevistado da Sputnik é o ex-embaixador turco e coordenador da Direção de Programas Internacionais do Instituto de Política Exterior da Turquia Oktay Aksoy, que em 2008 foi um dos embaixadores de seu país a assinar uma petição contrária a ação de desculpas aos armênios.
"Espero que as relações turco-brasileiras não estejam em um nível em que a aprovação desse tipo de resolução pudesse deteriorá-las. Senados e parlamentos de diversos países têm o direito de aprovar decisões como esta. Os parlamentares podem ter seus pontos de vista sobre os mais diversos assuntos. A Turquia, no entanto, também possui o seu próprio ponto de vista, que consiste no fato de os tristes eventos ocorridos no Império Otomano durante a Segunda Guerra Mundial precisarem ser estudados a fundo. E isso não deve ser feito por parlamentos ou senadores, que dificilmente possuem conhecimentos históricos profudos, mas por historiadores" – destacou Aksoy.