UE deixou sanções à Venezuela fora de Declaração de Bruxelas para não se indispor com EUA

© Fotos Públicas / Eduardo Santillán/ Presidencia de la República do EquadorFoto oficial da Cúpula Celac–União Europeia.
Foto oficial da Cúpula Celac–União Europeia. - Sputnik Brasil
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A União Europeia impediu os países da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe de produzir uma proposta conjunta condenando as atitudes dos EUA em relação à Venezuela. A Declaração de Bruxelas, documento final da Cúpula UE-CELAC, não repudia as sanções de Washington a Caracas. Rafael Araújo comenta com exclusividade para a Sputnik.

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Oposição às sanções à Venezuela fica de fora da Declaração de Bruxelas por ação da UE
Ao fim dos dois dias da reunião de cúpula realizada esta semana na capital da Bélgica, os líderes da CELAC e da União Europeia divulgaram a Declaração de Bruxelas, documento final da conferência de cúpula entre os dois blocos. A Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe desejava incluir na Declaração de Bruxelas uma manifestação conjunta com a UE contra as medidas restritivas norte-americanas a Caracas. Os líderes europeus, porém, rejeitaram a iniciativa. Apenas num dos parágrafos há uma citação registrando a existência de comunicados dos países latino-americanos a favor da Venezuela.

Sobre o assunto, a Presidenta Dilma Rousseff foi bastante enfática, dizendo que os líderes latino-americanos reafirmam seu compromisso por soluções pacíficas e que rechaçam qualquer sanção à Venezuela. “Não admitimos medidas unilaterais, golpistas e políticas de isolamento.”

Ao analisar a decisão, o professor de História e Relações Internacionais da Unilasalle e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rafael Araújo, diz que já esperava por esse comportamento da União Europeia, especialmente de França, Inglaterra e Alemanha, para evitar um desgaste com os Estados Unidos. “Nunca acreditei que a União Europeia compraria um desgaste com os Estados Unidos por conta de uma declaração conjunta com a CELAC repudiando o fato de os norte-americanos terem colocado a Venezuela como uma ameaça para os EUA.”

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Segundo o professor, a Venezuela é importante para os países sul-americanos e caribenhos, até pelo fato de aquele nos últimos 15 anos ter uma política de mais ação no sistema internacional. Rafael Araújo acredita que a CELAC fez o seu papel, tentando fazer com que a União Europeia se posicionasse contra os EUA, o que geraria um isolamento norte-americano, mas sem de fato acreditar que os europeus fossem além disso. “É evidente que dentro do quadro da reunião, dentro da CELAC, a proposta tinha que acontecer, era natural, mas o não apoio da União Europeia de certa forma já era esperado.”

O especialista em Relações Internacionais não entende a razão de os Estados Unidos considerarem a Venezuela uma ameaça tão grande. Não há há motivos para isso, tanto que os dois países desenvolvem negócios comerciais no setor de petróleo. “Tanto não há ameaça que o segundo fornecedor de petróleo para os EUA é a Venezuela.”

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Rafael Araújo também não acredita que as sanções dos EUA à Venezuela façam parte de alguma manobra para forçar o país a reduzir os preços da exportação de petróleo. “Eu acho que a questão não é o petróleo. Penso que a questão é isolar o governo do Presidente Nicolás Maduro, em virtude de toda a oposição interna que o Maduro sofre, e pelo fato de ele não ter o carisma e a representação política que o Presidente Hugo Chávez tinha. Acho que é uma forma de tentar isolar ainda mais o Maduro, tendo em vista que este ano haverá eleições regionais na Venezuela, e em 2017 eleições presidenciais.”

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