Quentin Buckholz, analista senior da empresa TD International escreve no seu artigo na publicação The Diplomat que a Rússia pode usar o futuro acordo de fornecimento de mísseis S-300 ao Irã para fortalecer suas posições no diálogo com o Ocidente.
Segundo o analista, Moscou pode recusar o fornecimento do sistema de defesa aérea ao Irã devido à controvérsia diplomática. O fornecimento já foi repetidamente adiado e é possível que isso venha a acontecer novamente. A falta de vontade de Moscou de fornecer os sistemas S-300 ao Irã, algo que pode mudar radicalmente o equilíbrio de forças no Oriente Médio, ainda é perceptível, mas agora a Rússia "percebeu a importância dos S-300 nas suas relações com os EUA".
"A nova crise nas relações russo-americanas causou a mudança de posição da Rússia sobre a questão dos S-300. A proibição de entrega foi levantada em abril de 2015 por Putin, em uma altura em que as relações entre a Rússia e o Ocidente atingiram o seu ponto mais baixo desde a época da guerra russo-georgiana de 2008."
Buckholz escreve que Moscou tenta introduzir na sua política externa um fator novo, que poderia melhorar a situação geopolítica no contexto da crise na Ucrânia. As autoridades ucranianas e países do Ocidente vêm acusando a Rússia de interferir nos assuntos internos da Ucrânia. Moscou, por sua vez, garante não ter qualquer ligação com os eventos no sudeste daquele país e nega categoricamente fornecer armamentos ou equipamentos militares aos independentistas ucranianos. A Rússia destaca ainda estar interessada na superação da crise política e econômica pelo país vizinho.