O Pentágono considera tal cenário em resposta à chamada “agressão russa”, mas o presidente Vladimir Putin tem repetidamente declarado que “só uma pessoa doente e em sonho poderia imaginar que a Rússia de repente ataque a OTAN”.
O vice-premiê e ministro da Defesa da Polônia, Tomasz Siemoniak, informou hoje (14) que estão decorrendo negociações sobre o armazenamento de armamentos norte-americanos:
"Estão sendo realizadas negociações sobre a implantação na Polônia de armazéns de equipamento militar do Exército dos EUA. Este é mais um passo para aumentar a presença dos Estados Unidos na Polônia e na região".
Ele também lembrou que Varsóvia “há muito que procura aumentar a presença militar norte-americana na Polônia e em todo o flanco oriental da OTAN”. Siemoniak declarou que o tema foi discutido em Washigton durante a reunião com o secretário da Defesa dos EUA, Ashton Carter.
“Somos de opinião de que pelo menos uma parte de tanques e veículos blindados será colocada na Lituânia. Nós estamos preparando a infraestrutura para a recepção dos armamentos, está quase pronta.”
A vizinha Estônia também gostaria de receber armas pesadas norte-americanas, de acordo com o ministro da Defesa, Sven Mikser, que só vê benefícios no fato de o “Estado mais poderoso no plano militar dos países da OTAN pensar seriamente na segurança na Europa de Leste.”
Segundo o jornal The New York Times, os Estados Unidos podem colocar nas bases de seus aliados europeus da OTAN tanques, veículos de combate de infantaria e outras armas pesadas, bem como enviar três ou cinco mil soldados. Tal decisão de Pentágono é oficialmente explicada como resposta à chamada “agressão russa”.
Enquanto isso, a proposta ainda deve ser aprovada pelo secretário da Defesa dos EUA, Ashton Carter, e pela Casa Branca. Também é considerada a possibilidade de colocar equipamento militar norte-americano na Letônia, Romênia, Bulgária e Hungria.
Porém, a possibilidade de colocar armas pesadas americanas em países do Leste europeu foi recebida com atitude negativa por alguns especialistas miliatres. O assunto foi comentado pelo antigo vice-almirante do exército polonês Marek Toczek:
“Eu acho que isto é mais um passo para a escalada da tensão, que pode levar a uma tragédia maior. Este passo não serve para a causa de normalização das relações. Não vai aumentar o nível da segurança nacional da Polônia. Eu não vejo ações concretas por parte da Rússia ou por parte de outros países situados a leste da Polônia que possam provocar a necessidade de dar tal passo. Do meu ponto de vista, isto cria uma base para a escalada de tais ações. Eu acho que isto contradiz os interesses da Polônia e de outros países da região.
O ex-vice-almirante também comparou a atitude ocidental e a atitude do governo russo:
"O Ocidente mostra a sua irresponsabilidade, o que é perigoso em si. Pelo contrário, a política russa é realizada com base em posições racionais e possibilitará, espero eu, diminuir a tensão, que não beneficia ninguém".
Como que para provar as palavras de Toczek, o Kremlin tomou uma posição cautelosa e recusou comentar a intenção de Washington de colocar armas pesadas americanas em países da Europa oriental. Segundo frisou o porta-voz do presidente russo Dmitry Peskov, ainda não há declarações oficiais por parte das autoridades americanas neste assunto.
“Quando alguém [nos EUA] falar sobre as intenções de fazer isto [colocar armas pesadas perto da fronteira russa], iremos comentar”, disse.
“Nós, por outro lado, retiramos de Cuba todas as bases, mesmo as bases sem valor estratégico. E agora vocês dizem que nós temos um comportamento agressivo? Vocês mencionaram a expansão da OTAN para leste. Nós, por outro lado, não estamos nos movendo para lado nenhum. É a infraestrutura da OTAN que se move em direção às nossas fronteiras, inclusive a infraestrutura militar. Será isso uma manifestação da nossa agressividade?”