“Não tenho qualquer informação, quaisquer fatos de que alguém deu ordens de disparar contra os manifestantes. Fui categoricamente contra isso ”, disse.
“Eu não dei quaisquer ordens, isso não era da minha competência”, manifestou Yanukovich. “Em segundo lugar, disse publicamente que era contra o uso de força, e especialmente o uso de armas de fogo”
Separação da Crimeia
Na versão inglesa só tem que a “anexação” da Crimeia foi uma tragédia, segundo Yanukovich, e que isso nunca aconteceria se ele fosse presidente. Além disso, ele não apoiou a ideia de a Ucrânia recuperar a Crimeia com uso da força, já que a adesão da Crimeia à Rússia é um “fato consumado”.
“Agora há guerra. Eles falam de reaver da Crimeia. Como? Através de uma guerra? Precisamos de mais uma guerra?”, disse.
“E as pessoas, o que é o mais importante, o povo da Crimeia, 90 por cento da população da Crimeia votou em favor da saída da Ucrânia… Isto é uma consequência do Maidan. Isto é consequência daquele movimento nacionalista radical que assustou a população da Crimeia, que tradicionalmente era pró-russa”, disse Yanukovich.
Guerra em Donbass
O antigo presidente ucraniano classificou os acontecimentos em Donbass como genocídio.
“O que acontece em Donbass é um genocídio, genocídio da população de Donbass. E está sendo efetuado por aqueles que trouxeram tanques e armas para disparar contra a população civil”, disse ele, acrescentando que só durante a última trégua morreram 500 civis. Entretanto, esta parte da entrevista também não foi incluída na versão inglesa.
Respondendo à pergunta sobre o papel da Rússia no conflito, Yanukovich disse o seguinte:
“A minha opinião é que o papel construtivo da Rússia consiste na preparação dos Acordos de Minsk. As duas partes – Donbass e Kiev — devem responder à pergunta por que razão os acordos não estão sendo implementados agora. Mas se Kiev não quer negociar com o Donbass, digam, que atitude construtiva pode haver? O que a Rússia tem a ver com isto?”
A fuga para a Rússia após derrubada
O ex-presidente Yanukovich agradeceu ao presidente da Rússia Vladimir Putin por ter salvado a sua vida evacuando-o da Ucrânia durante a noite de 23 de fevereiro de 2014.
“O fato que Vladimir Putin tomou essa decisão por recomendação das suas próprias forças especiais, foi o seu direito e a sua opção. Ele não me consultou”, disse Yanukovich acrescentando que “estou com certeza muito grato por ele ter dado a ordem e ter ajudado os meus guardas a tirarem-me e ter salvo a minha vida”.