Dos cinco pontos que estão sendo negociados em Cuba entre o Governo colombiano e os guerrilheiros, já há acordo em três. Mas no último ano, quando se iniciaram as discussões sobre a reparação às vítimas do conflito e o tipo de justiça a ser aplicada aos principais chefes da guerrilha, as negociações tiveram poucos avanços. O único resultado concreto e que deve ser concretizado quando as FARC, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, se desmobilizarem é a criação de uma Comissão da Verdade.
Para o professor de Relações Internacionais da UFF – Universidade Federal Fluminense, Thiago Rodriguez, a questão que muito provavelmente mobiliza o Senador Navarro é provavelmente a demora desse processo de negociação.
Sobre a declaração do Senador Antonio Navarro – de que, seja qual for o resultado da consulta popular, as partes não são obrigadas à sua execução –, o especialista em Relações Internacionais explica que a menção do parlamentar teria sido dada por conta da legalidade do referendo. “O senador esclarece que não haveria uma obrigação ou caráter mandatório nesse plebiscito porque, penso eu, não há amparo legal para que esse tipo de referendo tenha esse efeito. O senador propõe que haja uma consulta popular que possa gerar algum elemento de pressão social, de pressão política sobre o Estado e a guerrilha.”
Segundo o chefe do Registro Nacional colombiano, Carlos Ariel Sánchez, responsável pela organização de eleições, a proposta do plebiscito nas eleições regionais vai ter um custo de cerca de R$ 30 milhões para o Governo da Colômbia.
De acordo com Sánchez, em 1989, uma iniciativa semelhante ao plebiscito proposto agora deu origem à convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, que concluiu o processo de paz com o movimento guerrilheiro M-19, e o Mandato Cidadão pela Paz, de 1997, no qual 10 milhões de pessoas votaram a favor de uma solução negociada para o conflito armado, os sequestros e o recrutamento de menores na Colômbia.