Yevgeny Primakov: Porque esta coalizão é insuficiente para alcançar resultados concretos contra o EI.
Sputnik: O mundo inteiro está lutando contra o EI enquanto assiste à ampla expansão promovida pelos guerrilheiros desta organização. Na sua opinião, quem apoia esse grupo? O Sr. poderia citar os países que prestam apoio aos membros desta organização?
Yevgeny Primakov: O maior perigo desta organização não é tanto o seu reforço financeiro, mas o humano. Segundo alguns dados, apenas das ex-repúblicas da União Soviética existem 1500 homens lutando sob a bandeira desse grupo terrorista.
Yevgeny Primakov: O principal, ao meu ver, é a real participação dos países de onde partiram os "voluntários". Junto a isso, o maior perigo não consiste apenas nos próprios mercenários, seja qual for a sua cidadania, mas na sua volta aos seus países de origem. Isso irá alimentar ameaças terroristas regionais. Pode-se destacar que nos últimos tempos o próprio EI tem perdido um pouco o seu foco. Diante da contínua contradição entre sunitas e xiitas estão surgindo novos centros, novos slogans de luta para o estabelecimento de um califado nos territórios ocupados.
Sputnik: Sendo um dos principais especialistas nacionais em Oriente Médio, o Sr. acredita na existência de alguma ligação entre o que acontece no Iraque, Iêmen, Líbia e Síria?
Yevgeny Primakov: É claro, considero que a atual situação desses países é resultado da política dos Estados Unidos. Foi exatamente essa política que levou esses países a uma situação em que a sua própria sobrevivência está sendo questionada.
Yevgeny Primakov: Podemos contar com o fato de que o Irã se tornará um participante ativo da luta contra o Estado Islâmico.
Sputnik: Falando em Síria, como o Sr. avalia os interesses da Rússia, que apoia as autoridades daquele país? Como os Sr. comentaria as últimas conversações entre a oposição e o governo sírios em Moscou, e quais, na sua opinião, são as perspectivas da resolução da crise na Síria?
Evgeny Primakov, nascido em Kiev em 29 de outubro de 1929, foi ministro das Relações Exteriores da Federação da Rússia entre janeiro de 1996 e setembro de 1998. É um dos autores da estratégia da multipolaridade, e entre setembro de 1998 e maio de 1999 exerceu o cargo de chefe do governo da Rússia.