Especialista: Agenda da OTAN vai muito além da questão ucraniana

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A última decisão dos EUA e da OTAN de deslocar armas pesadas de caráter ofensivo para muito perto das fronteiras da Rússia pode ser classificada como ato radical e imprudente, baseado em falsos pretextos e que agrava a situação.

Enquanto as relações entre Moscou e Washington continuam se deteriorando, o chefe do Pentágono, Ashton Carter, anunciou na segunda-feira a decisão de instalar mais armas pesadas nos Estados bálticos, Polônia, Romênia e Bulgária. O historiador norte-americano e professor de estudos russos da Universidade de Princeton e Universidade de Nova York, Stephen Cohen, comentou a decisão:

"O que acontece agora é algo que um grupo dentro da OTAN está tentando fazer há cerca de  15 anos. […] Carter literalmente flerta com a guerra com a Rússia."

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Pela primeira vez na história, a OTAN e os EUA instalaram armas pesadas e tropas americanas muito perto do perímetro da defesa da Rússia, sublinhou o historiador. Segundo ele, Moscou tem que fazer algo, não tem a opção de fechar os olhos à presença militar estrangeira em estreita proximidade das fronteiras da Rússia. E depois Washington dará a sua resposta mais uma vez.

Cohen opina que o jogo "olho por olho "pode resultar em uma escalada militar aberta, bem como transformar as tensões já existentes em uma confrontação semelhante à crise dos mísseis de Cuba.

"O que aconteceu com a decisão [do Pentágono] é a escalada de uma nova Guerra Fria em direção à guerra quente com a Rússia. E tudo isso é feito sob os pretextos completamente falsos. Veja somente a campanha propagandista em massa contra a Rússia e eu uso a palavra 'propaganda' não no sentido de informação, mas no sentido de informação falsa."

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O professor Cohen apontou que o Ocidente aumentou recentemente a torrente de propaganda, tentando convencer a comunidade internacional de que a Rússia está "de novo se movendo de maneira agressiva" e que representa uma ameaça iminente para os três minúsculos Estados bálticos:

"Isto é uma mentira, isso é falso. Não há uma palavra de verdade nisso. Isso é feito e manipulado por pessoas no Ocidente que queriam fazer isso há décadas — fazer algo em relação à Rússia."

Referindo-se ao discurso de Ashton Carter, Cohen destacou que a agenda da OTAN vai muito além da questão ucraniana:

"Já não é a Ucrânia que está sendo defendida aqui. Tudo isso não é mais que a expansão da OTAN".

A situação parece se estar tornando mais grave, e os países europeus correm o risco de se ver em mais um conflito militar. Segundo o especialista, eles não se devem esquecer que Washington não pode salvar o euro ou fortalecer a economia da União Europeia ou mesmo fornecer recursos energéticos baratos à Europa. 

Stephen Cohen sublinhou também que o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo claramente mostrou o alto nível de envolvimento russo na vida econômica e política da Europa, apesar todos os esforços de Washington.

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