“Qualquer ruptura na zona euro é um enorme perigo. A Europa vive uma ameaça interna com o terrorismo, está rodeada de instabilidade em sua fronteira mediterrânea e no Leste com a crise da Ucrânia, necessitamos mais do que nunca de uma Europa forte”, disse ele numa entrevista ao jornal El País.
Ao mesmo tempo, não fica claro como pretende exatamente António Costa pôr fim à austeridade. Na mesma entrevista ele responde com frases bastante vagas:
“Há um processo de mudança na Europa desde as últimas eleições europeias, com uma nova Comissão e o presidente Juncker a apresentarem um plano centrado no investimento. Há uma guinada, e uma vitória dos socialistas na Espanha e em Portugal ajudaria a impulsionar essa guinada”.
A Sputnik contatou o serviço de imprensa do PS, que recusou comentar por telefone o assunto mencionado e as medidas que o partido propõe para resolver a crise grega, limitando-se a enviar um e-mail formal sugerindo ler o programa do partido e o recente artigo de opinião de António Costa onde ele defende o diálogo entre a UE e a Grécia.
“É urgente substituir o confronto entre posições radicais por uma negociação construtiva”, escreve o líder dos socialistas.
“O insucesso das negociações entre o governo grego e os parceiros europeus não é uma boa notícia para a União Europeia. E suscita legítima preocupação a quem tem uma postura responsável perante os riscos que comporta para a confiança no euro”, acrescentou o político português.
“Parece-me que inicialmente António Costa acreditou que poderia defender uma ‘leitura inteligente’ do Tratado Orçamental, o que significaria contar com algum alívio no cumprimento das suas metas. Atualmente conta que a posição que for encontrada para a Grécia possa ser seguida em Portugal. Acredita que a Europa irá ceder e que a austeridade poderá ser substituída por uma política de convergência econômica”.
Porém, o especialista duvida que isso possa funcionar:
“Não vejo que um plano de investimentos implique qualquer alteração da política da Comissão relativamente à necessidade de os Estados-membros respeitarem os limites do déficit e da dívida. E muito menos vejo que uma mudança do governo em Portugal ou Espanha altere o que quer que seja nessa matéria”.
“Os ataques cada vez mais fortes contra a austeridade em Lisboa podem aumentar as preocupações em Berlin de que a disciplina fiscal e as reformas possam reverter completamente na Europa do Sul se os rebeldes gregos alcançarem as suas exigências”, diz o jornal.
O líder socialista certamente não evitará problemas com a Comissão Europeia se realmente tentar pôr fim à política de austeridade no caso da sua eleição como premiê de Portugal. Mas parece ser já bastante claro que António Costa não irá bater o pé, tentará distanciar-se do governo grego e retornar ao discurso pró-europeu. Porém, neste caso ele corre o risco de perder uma parte do seu eleitorado, cansado da política de austeridade.