Segundo Dilma, um dos assuntos discutidos com Obama na reunião desta terça-feira, 30, foi a questão da mudança do clima, tema central da COP 21 – Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que acontecerá no fim do ano na França. Para a presidente, o assunto é um dos desafios centrais do século 21, e diante disso Dilma anunciou que Brasil e EUA assinaram um compromisso de cooperação para assegurar a ampliação de 20% de energia renovável na matriz energética até 2030.
“Nós temos um grande objetivo, que é, primeiramente, assegurar na matriz energética de cada um dos países a presença de fontes renováveis”, disse a presidente.
“Essa decisão tem muito a ver com as nossas perspectivas e a nossa participação no acordo global de redução de emissão, para que a gente consiga de fato concretizar esse acordo na COP 21 em Paris. A segunda questão reflete essa primeira, e foi a decisão dos dois países de assumirem uma meta de 20% de ampliação das fontes renováveis na matriz de energia elétrica, sem a hídrica, até o ano de 2030. Eu saúdo essa decisão pela importância que ela tem na redução das emissões de gás de efeito estufa e no nosso compromisso de manter, sem sombra de dúvidas, o meio ambiente e a redução da temperatura, impedindo que ela aumente mais de 2 graus.”
Em seu discurso, a Presidenta Dilma Rousseff disse também que o desafio do Brasil é dobrar o comércio bilateral com os EUA nos próximos dez anos. A presidente citou algumas medidas que começam a ser tomadas para ampliar a parceria, como a redução de taxas e da burocracia comercial entre os dois países. “Nós queremos ampliar e diversificar nossas trocas, e nosso desafio é dobrar a corrente de comércio em uma década. O objetivo é construir condições para um relacionamento comercial ambicioso entre o Brasil e os EUA. No curto prazo, devemos remover principalmente os obstáculos não tarifários existentes para bens industriais e agrícolas. Devemos reduzir a burocracia, as complicadas autorizações e outras restrições, ao mesmo tempo que seja reconhecida a qualidade dos processos produtivos do Brasil. Gostaria que nossa agenda prioritária na área comercial, no curto prazo, estivesse centrada em dois temas, primeiro a convergência regulatória, a harmonização de normas técnicas, e segundo a facilitação do comércio, sistemas de janela única para simplificar e reduzir prazos de processos aduaneiros.”
Dilma e Obama também anunciaram a assinatura de acordos entre os dois países para facilitar a entrada de viajantes frequentes brasileiros no território norte-americano, sem passar por filas de imigração, e na área da previdência social.
“Nós decidimos facilitar a entrada nos EUA de viajantes frequentes do Brasil, no âmbito do Programa Global Entry. Celebramos também um acordo muito importante para a população brasileira que vive nos EUA, um acordo na área da previdência social, que permite que aqui eles tenham cobertura também.”
A presidente falou ainda sobre os Jogos Olímpicos Rio 2016 e garantiu a segurança do evento. Dilma disse que acredita que os Jogos de 2016 vão transcorrer sem problemas, como aconteceu com o esquema adotado na Copa do Mundo de 2014. “Nós levamos muito a sério a questão da segurança nos grandes eventos, e isso significa que envolvemos todos os órgãos que podem garantir e vão garantir a segurança nas Olimpíadas. Nós temos experiência nessa área, porque no ano passado organizamos a Copa do Mundo e tivemos que dar segurança a 12 cidades brasileiras. Por isso eu tenho certeza de que nós teremos todas as condições de garantir a segurança das Olimpíadas, assim como foi na Copa do Mundo.”
A Presidenta Dilma encerrou seu discurso dizendo que a viagem aos EUA representa um relançamento das relações entre os dois países, e que foi um passo à frente nas relações entre Brasil e EUA. Dilma afirmou à imprensa que confia no Presidente Obama, pelo visto deixando para trás qualquer problema que possa ter havido entre os dois países em 2013, quando ela cancelou a visita oficial aos EUA por conta de denúncias de que o Governo norte-americano teria espionado a presidente e empresas estatais brasileiras.
”É verdade, eu cancelei a minha visita aos EUA naquele momento”, disse. “De lá pra cá, algumas coisas mudaram. E a mudança se deve ao fato de o Presidente Obama e o Governo dos EUA terem declarado em várias oportunidades que não teriam mais atos, que seriam de intrusão em países amigos. Eu acredito no Presidente Obama. E mais: ele também me disse que, se fosse o caso de ele precisar de alguma informação não pública do Brasil, ele me telefonaria. Então, eu tenho certeza de que as condições passaram a ser bastante diferentes agora.”
O Presidente Barack Obama iniciou seu discurso à imprensa afirmando que os EUA aumentaram as exportações ao Brasil em mais de 50% desde que ele assumiu o poder.
O Presidente Obama ainda revelou o interesse do seu país em disputar as concessões previstas no Plano de Investimentos em Logística brasileiro, que prevê até 2018 concessões em áreas de logística. "Com o anúncio recente sobre infraestrutura no Brasil, empresas norte-americanas terão mais oportunidade para concorrer em projetos que desenvolvam as rodovias, aeroportos, portos e ferrovias do Brasil."
Após a declaração conjunta com Barack Obama, a Presidenta Dilma Rousseff participou de almoço oferecido pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na sede do Departamento de Estado, e, depois, do encerramento da Cúpula Empresarial Brasil-Estados Unidos.
No início da noite, Dilma Rousseff embarcou para San Francisco, onde, na quarta-feira (1 sw julho), encerra a sua visita oficial.