A construção do cabo de fibra ótica, que terá 5.875 quilômetros de extensão, deve durar 18 meses. O início das obras acontece no primeiro semestre de 2016, com a construção da estação terrestre que é o ponto de partida do cabo submarino. Além de ligar Fortaleza a Lisboa, o cabo poderá ter derivações ainda na Guiana Francesa, nas Ilhas Canárias, na Ilha da Madeira e em Cabo Verde. A conclusão da obra está prevista para até o início de 2018. O investimento estimado é da ordem de US$ 185 milhões.
Através do cabo, vai ser possível permitir a comunicação digital e a troca de dados diretamente entre o Brasil e a Europa. Atualmente, esse tráfego de informações é feito por intermédio dos Estados Unidos. Assim, um dos objetivos da medida é dificultar a espionagem praticada pelo Governo norte-americano.
Segundo o Ministério das Comunicações, o empreendimento faz parte da estratégia brasileira de reforçar a sua infraestrutura de telecomunicações. O foco do Governo é dinamizar a comunicação de dados e ampliar fundamentalmente a segurança das comunicações no Brasil.
Conforme o acordo assinado na terça-feira (30), a joint venture será formada por uma empresa brasileira, com 35% de participação da Telebrás, 45% da IslaLink (empresa espanhola com capital sueco) e 20% de um terceiro acionista brasileiro, ainda a ser definido.
O Ministério das Comunicações informou que já vem estabelecendo diálogos com outros países, inclusive com o grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com a finalidade de buscar iniciativas semelhantes, que ampliem a capacidade de tráfego, além de garantir a diversidade da infraestrutura de telecomunicações e a segurança das informações.
O Governo Federal acredita que a nova interligação deve também reduzir custos, já que a conexão com a Europa deixará de passar por outros países.
A previsão da Telebrás, estatal do setor de telecomunicações, é de que o investimento da União Europeia na rede alcance cerca de 25 milhões de euros.
Para o engenheiro e professor de Engenharia de Sistemas da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Orlando Bernardo Filho, a construção deste cabo é de extrema importância. Segundo ele, a fibra ótica tem uma capacidade de transmissão enorme, possibilitando diversos canais de comunicação através desses cabos, e isso vai permitir que mais serviços e usuários possam fazer essa comunicação em nível internacional. “Isso é de extrema importância”, diz o professor, “porque, conforme o tempo vai passando, cada vez mais e mais pessoas começam a usar a rede global, começam transmitir dados e receber dados, então, é fundamental que a infraestrutura física acompanhe o momento do ingresso das pessoas e de novos serviços que são ofertados.”
Orlando Bernardo Filho ressalta que, se a infraestrutura física não acompanhar, vai se chegar a um ponto de saturação, onde ninguém mais vai conseguir comercializar novos serviços ou conquistar novos usuários, e a economia pode estagnar no setor de telecomunicações.
Além do combate à espionagem dos Estados Unidos, o especialista chama a atenção para o aumento da velocidade no tráfego das informações, aumentando também a disponibilidade de serviços. “Na medida em que se aumenta a banda de transmissão, tem-se a chance de ofertar mais serviços, e com outras rotas alternativas é possível fazer certos tipos de comunicação de forma mais rápida, porque, se uma rota está congestionada, há a alternativa para poder escoar de maneira mais rápida uma comunicação.”