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Opinião: Questão da espionagem foi convenientemente esquecida na visita de Dilma a Obama

© Roberto Stuckert Filho/PRInclusão dos brasileiros no programa norte-americano Global Entry foi anunciada nesta terça-feira (30) pela presidenta Dilma Rousseff em Washington
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Terminou nesta quarta-feira, 1 de julho, a visita da Presidenta Dilma Rousseff aos EUA. O economista e professor de Relações Internacionais Nildo Ouriques faz um balanço dessa viagem, falando com exclusividade para a Sputnik Brasil.

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Liderando uma comitiva com mais de 90 pessoas, incluídos ministros de Estado e empresários, a Presidenta Dilma desembarcou no sábado à noite em Nova York para, no domingo, reunir-se com homens de negócios, buscando atrair investimentos para o Brasil.

Na segunda e na terça-feira, 29 e 30, ela manteve reuniões com o Presidente Barack Obama, e os dois líderes anunciaram medidas de colaboração, entre elas o fortalecimento das relações comerciais, a cooperação em programas de preservação ambiental e a liberação da exigência de vistos para as pessoas que viajam frequentemente entre o Brasil e os Estados Unidos não como turistas.

O professor de Relações Internacionais Nildo Ouriques, diretor-presidente do IELA (Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Federal de Santa Catarina), avalia a importância do evento internacional e conclui que a questão mais importante é saber o que o Brasil deveria ter feito, nesta e em outras oportunidades, para afirmar a sua soberania, “não apenas diante dos Estados Unidos, mas do mundo”.

O Professor Nildo Ouriques comenta: “Sempre que se realizam essas visitas de Estado, sobretudo de um presidente brasileiro, aos Estados Unidos, o que se pode observar é aquela tradicional ‘servidão voluntária’ dos nossos governos em relação aos EUA.”

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O especialista em América Latina exemplifica: “O destaque na imprensa, os analistas políticos, os parlamentares, etc. exaltam essas reuniões e sempre afirmam tratar-se de ‘oportunidade histórica’ para o Brasil se relacionar com os Estados Unidos, como se os EUA fossem um país que não tem uma tradição de intervenções e de expansionismo imperialista na América Latina e especialmente no Brasil.”

“Destituído dessa densidade histórica”, argumenta o presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Federal de Santa Catarina, “esse tratamento faz com que a visita presidencial se transforme quase que exclusivamente numa oportunidade de negócios para a classe empresarial brasileira. O que equivale a dizer, efetivamente, que se compromete o futuro da nação e a possibilidade de o Brasil ser um país independente.”

“A própria Presidenta Dilma”, continua Nildo Ouriques, “na reunião com o Presidente Obama, caracterizou o que chama de ‘relação muito importante’ para o Brasil no terreno bilateral e multilateral, centrando no comércio, em serviços e equipamentos na área de petróleo e gás, na área de biocombustíveis, no que chamou de eficiência energética e energia renovável, e na atividade naval, e fez uma breve incursão no que chamou de ciência e tecnologia e inovação.”

A análise feita pelo Professor Ouriques continua: “Isso que a Presidenta Dilma, na reunião com Obama, chamou de ‘áreas estratégicas’ são áreas que definitivamente caracterizam a nossa posição adversa de mero exportador de matérias-primas e produtos agrícolas, colocando todo o esforço econômico a fomentar uma infraestrutura capaz de atrair investimentos, o que é muito ruim para o Brasil neste momento.

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Nildo Ouriques, finalmente, em sua fala exclusiva para a Sputnik Brasil, considerou que “os casos estratégicos que deveriam merecer a atenção presidencial, como a estrutural espionagem dos EUA que violou segredos da Petrobras e da própria Presidenta Dilma, foram convenientemente esquecidos pela arrogância estadunidense”. E o professor conclui: “Nós não poderíamos esperar algo diferente, mas a questão é saber o que o Brasil deveria fazer, nesta e em outras áreas, para afirmar a sua soberania, não apenas diante dos Estados Unidos, mas do mundo.”

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