O economista e especialista em BRICS Theotonio dos Santos concorda com essa opinião: “Em parte, é correto comparar”, diz o professor da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro. “O Brasil estava fazendo naquela época uma política de contenção da taxa de juros, com crescimento de mais de 7%, e estava com projetos de desenvolvimento econômico bastante fortes em vários setores, fortalecendo suas grandes empresas, e com a perspectiva do petróleo muito positivas. E neste momento tudo isso está em queda.”
Theotonio dos Santos não vê muitas vantagens para o Brasil em relação aos acordos feitos com os Estados Unidos, mas afirma ter sido importante a retomada das relações entre os dois países. “O primeiro aspecto importante é a relação entre Brasil e EUA, que estava bastante difícil, não só pelas intervenções norte-americanas através de seu sistema de espionagem aqui, afetando a própria Presidência, mas também porque por outro lado os EUA estão vivendo uma relação muito difícil com a América Latina.”
O economista, no entanto, chama a atenção para a questão da parceria ambiental anunciada durante a visita de Dilma aos EUA. “Do ponto de vista dos acordos bilaterais, nada foi muito significativo. Contudo, não deixa de ser importante, como por exemplo a proposta de que Brasil e EUA tenham uma ação comum em torno da questão ambiental, apesar de não ter uma prática assegurada. O que o Governo brasileiro ofereceu é o que ele já vinha projetando em relação à Amazônia. Não houve mudanças muito significativas economicamente ou na tomada de uma posição importante.”
Outro aspecto ressaltado pelo economista é a questão dos acordos comerciais com os EUA, que não devem favorecer o Brasil. Segundo Theotonio dos Santos, o Brasil aumentou muito o seu comércio exterior nos últimos anos, mas basicamente com a China e não com os Estados Unidos, com quem o Brasil está há cerca de cinco anos com um déficit muito acentuado. “A situação do Brasil com os EUA é grave. O Brasil está exportando muito menos para os EUA do que está importando. Então, nesse sentindo, aumentar o comércio Brasil-EUA, se ele continuar nessa linha, para os EUA é muito importante. Os EUA estão colocando como um dos seus objetivos econômicos centrais diminuir o déficit que têm com o resto do mundo.”
O economista vê essa parceria comercial entre os dois países como mais satisfatória para os EUA. “Com o Brasil, eles [os EUA] têm uma situação de superávit comercial. Para os EUA, realmente é uma situação muito favorável, porém para o Brasil nem tanto. Através do aumento das exportações para a China, ao longo dos últimos anos, o Brasil conseguiu formar reservas muito grandes, de mais de US$ 400 bilhões, e para os EUA é muito interessante que eles possam captar essas reservas, porque quem está com déficit com eles é o Brasil. O Brasil tem que tirar dinheiro das suas reservas para pagar os EUA.”