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Opinião: Parcerias com EUA não vão favorecer retomada do crescimento do Brasil

© Roberto Stuckert Filho/PR / Acessar o banco de imagensPresidenta Dilma Rousseff durante reunião de trabalho com o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama. (Washington - EUA, 30/06/2015)
Presidenta Dilma Rousseff durante reunião de trabalho com o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama. (Washington - EUA, 30/06/2015) - Sputnik Brasil
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A visita da Presidenta Dilma Rousseff aos Estados Unidos no início da semana continua sendo motivo de debates entre especialistas e formadores de opinião. O economista Theotonio dos Santos dá sua opinião com exclusividade para a Sputnik Brasil.

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Alguns acreditam que a Presidenta Dilma está buscando nos EUA inspiração para sair da crise econômica, assim como fez o Presidente Barack Obama, ao visitar o Brasil em 2011, quando o Brasil estava em ascensão econômica e os EUA em crise.

O economista e especialista em BRICS Theotonio dos Santos concorda com essa opinião: “Em parte, é correto comparar”, diz o professor da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro. “O Brasil estava fazendo naquela época uma política de contenção da taxa de juros, com crescimento de mais de 7%, e estava com projetos de desenvolvimento econômico bastante fortes em vários setores, fortalecendo suas grandes empresas, e com a perspectiva do petróleo muito positivas. E neste momento tudo isso está em queda.”

Theotonio dos Santos não vê muitas vantagens para o Brasil em relação aos acordos feitos com os Estados Unidos, mas afirma ter sido importante a retomada das relações entre os dois países. “O primeiro aspecto importante é a relação entre Brasil e EUA, que estava bastante difícil, não só pelas intervenções norte-americanas através de seu sistema de espionagem aqui, afetando a própria Presidência, mas também porque por outro lado os EUA estão vivendo uma relação muito difícil com a América Latina.”

O economista, no entanto, chama a atenção para a questão da parceria ambiental anunciada durante a visita de Dilma aos EUA. “Do ponto de vista dos acordos bilaterais, nada foi muito significativo. Contudo, não deixa de ser importante, como por exemplo a proposta de que Brasil e EUA tenham uma ação comum em torno da questão ambiental, apesar de não ter uma prática assegurada. O que o Governo brasileiro ofereceu é o que ele já vinha projetando em relação à Amazônia. Não houve mudanças muito significativas economicamente ou na tomada de uma posição importante.”

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Theotonio dos Santos achou significativa a resposta dada por Barack Obama à imprensa, de que o Brasil não é visto pelos EUA como potência apenas regional. “O Presidente Obama fez uma referência muito importante, dizendo que o Brasil não é uma potência regional, mas, sim, uma potência global, coisa que a nossa classe dominante morre de medo de que digam isso, porque ela tem um medo enorme de ter responsabilidade no mundo. Mas, em todo caso, grande parte da população brasileira vê com muito bons olhos isso de que o Brasil seja respeitado internacionalmente. Tem um peso muito grande.”

Outro aspecto ressaltado pelo economista é a questão dos acordos comerciais com os EUA, que não devem favorecer o Brasil. Segundo Theotonio dos Santos, o Brasil aumentou muito o seu comércio exterior nos últimos anos, mas basicamente com a China e não com os Estados Unidos, com quem o Brasil está há cerca de cinco anos com um déficit muito acentuado. “A situação do Brasil com os EUA é grave. O Brasil está exportando muito menos para os EUA do que está importando. Então, nesse sentindo, aumentar o comércio Brasil-EUA, se ele continuar nessa linha, para os EUA é muito importante. Os EUA estão colocando como um dos seus objetivos econômicos centrais diminuir o déficit que têm com o resto do mundo.”

O economista vê essa parceria comercial entre os dois países como mais satisfatória para os EUA. “Com o Brasil, eles [os EUA] têm uma situação de superávit comercial. Para os EUA, realmente é uma situação muito favorável, porém para o Brasil nem tanto. Através do aumento das exportações para a China, ao longo dos últimos anos, o Brasil conseguiu formar reservas muito grandes, de mais de US$ 400 bilhões, e para os EUA é muito interessante que eles possam captar essas reservas, porque quem está com déficit com eles é o Brasil. O Brasil tem que tirar dinheiro das suas reservas para pagar os EUA.”

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De acordo com o Professor Theotonio dos Santos, há uma expectativa equivocada de que os acordos fechados com os EUA aumentem as exportações de produtos brasileiros. “É preciso ver também que esse acordo de aumentar o comércio com os EUA não coloca essa questão, de que há uma situação bastante negativa para o Brasil nesse comércio. Há uma expectativa lançada assim de que o Brasil aumentaria a exportação. O Brasil tem condições de exportar mais não só para os EUA, mas para o resto do mundo. Porém, para exportar não basta que você tenha uma moeda mais barata, é necessário que haja também investimentos, e a situação do Brasil nesse momento é de desinvestimento, uma política econômica para baixar a taxa de crescimento e chegar inclusive à recessão. E não vai melhorar com esse aumento de exportação para os EUA, porque vai aumentar a importação também.”

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