Há algum tempo o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, diante das dificuldades econômicas que os gregos têm enfrentado pela intransigência de seus credores, convidou a Grécia a se tornar o primeiro cliente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS.
Com a vitória do “não” na consulta popular, o Primeiro-Ministro Alexis Tsipras já encaminhou uma nova proposta de refinanciamento da dívida da Grécia, cuja discussão pelos ministros do Eurogrupo, os ministros das Finanças da União Europeia, está prevista para esta terça-feira, 7.
“O Governo grego e o Primeiro-Ministro Alexis Tsipras fizeram o que a Grécia sempre fez, e foi um dos marcos mais importantes dos últimos tempos”, diz Mário Russo. “A Grécia, berço da chamada democracia ocidental, deu um “não” à Europa, e o ex-ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, quando renunciou, disse que ‘o referendo de 5 de julho entrará na história mundial como a data em que um pequeno povo europeu se levantou contra a escravidão da dívida’.”
Sobre a questão de a Grécia ficar ou sair da Zona do Euro, o jornalista de economia considera que “a Grécia vai permanecer na Zona do Euro mas não nas condições impostas. A Grécia não tem mais como sangrar, e isso tem que ser revertido. Uma nova proposta de reestruturação será apresentada, e os credores têm que aceitar isso. Alguns outros aspectos importantes nesse referendo: o primeiro é que acentuou as diferenças entre dois pesos-pesados da Zona do Euro, que são França e Alemanha. A França sempre teve uma postura mais cautelosa em relação à renegociação da dívida, enquanto a Alemanha sempre foi muito mais dura. Isso serviu para mostrar que os dois pesos-pesados não estão do mesmo lado do ringue, estão de lados opostos. O segundo é que numa eventual saída da Grécia da Zona do Euro, o que eu não acredito, isso pode se expandir no Leste da Europa em países que estão enfrentando problemas econômicos sérios, além de políticos, como são os casos da Albânia, da Macedônia, da Bulgária e da própria Turquia, onde nós sabemos que há bases militares poderosas não só da OTAN como dos próprios EUA.”
“Se a Grécia sair da Zona do Euro”, acrescenta Mário Russo, “ela vai fazer como outros países já fizeram em momentos de grandes dificuldades econômicas – inclusive o próprio Brasil, quando criou uma unidade de referência, a URV. A Grécia vai fazer uma segunda moeda, nacional, e com isso vai garantir uma sobrevida, difícil, e vai estimular um mercado paralelo talvez cruel, mas vai continuar a sobreviver.”
Para finalizar, o jornalista diz que “a saída da Grécia da Zona do Euro não interessa a ninguém. A permanência na Zona do Euro nas condições até hoje impostas pode interessar aos credores, mas certamente à Grécia não interessa. Se os credores ocidentais tivessem adotado o mesmo padrão de cobrança e intransigência [que têm em relação à Grécia] com a Alemanha e o Japão do pós-guerra, essas duas grandes potências seriam as grandes potências que são hoje? Certamente não.”