Rússia veta resolução sobre acontecimentos em Srebrenica no Conselho de Segurança da ONU

© REUTERS / Eduardo Munoz Integrantes do Conselho de Segurança da ONU
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Nesta quarta-feira (8) a Rússia vetou no Conselho de Segurança da ONU o projeto de resolução proposto pelo Reino Unido e EUA que classifica o massacre em Srebrenica em 1995, durante a guerra na Bósnia, como “genocídio”.

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O documento considera o assassinato de 8.000 muçulmanos bósnios em Srebrenica em julho de 1995 como "genocídio", bem como condena os crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante o conflito.

A Bósnia e Herzegovina anunciou em 1992 a sua separação da Iugoslávia, o que levou ao início da guerra no país, com a participação de muçulmanos bósnios, sérvios e croatas, que durou até 1995. Cerca de 100 mil pessoas morreram na guerra da Bósnia. O cerco de Srebrenica, declarada zona sob a proteção da ONU, e as execuções em massa da população masculina da cidade, em julho de 1995, são considerados os episódios mais sangrentos da guerra da Bósnia.

O representante permanente da Rússia na ONU, Vitaly Churkin, chamou o projeto britânico de resolução de "não construtivo, confrontativo e politicamente motivado" frisando que o documento aponta injustamente os sérvios da Bósnia como os únicos culpados de crimes de guerra.      

"O projeto que está perante nós não trará paz para os Bálcãs, mas sim condenará esta região à tensão", disse ele no início da reunião de Conselho de segurança da ONU. 

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, por sua vez afirmou que a resolução proposta pela Grã-Bretanha possui um espírito totalmente anti-sérvio e trata incorretamente, até do ponto de vista jurídico, o que aconteceu na altura e aquilo que já havia sido avaliado pelo Conselho de Segurança da ONU. 

A posição russa foi altamente avaliada pelo presidente da Sérvia, Tomoslav Nikolic, citado pela AFP:

“Hoje não só foi evitado que todo o povo sérvio ficasse marcado como tendo tido por objetivo [praticar] um genocídio. A Rússia mostrou e provou que ela é um verdadeiro e honesto país amigo. Este é um grande dia para a Sérvia”, declarou.   

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Nikola Spiric, deputado da Assembleia Parlamentar da Bósnia e Herzegovina, ex-presidente do Conselho de Ministros desta república (2007-2012) no seu comentário para a Sputnik-Sérvia também apoiou a posição da Rússia:

“Fosse quem fosse o autor da resolução, creio que este documento não contribuiria de maneira nenhuma para a pacificação e o desenvolvimento das relações de tolerância na Bósnia e Herzegovina e na região em geral. Enquanto pelo menos uma das partes não estiver satisfeita com a resolução não se pode dizer que foi feito um trabalho em prol da Bósnia e Herzegovina". 

Elena Guskova, chefe do Centro de Estudo da Crise Contemporânea nos Bálcãs do Instituto de Estudos Eslavos da Academia de Ciência da Rússia comentou no assunto para Sputnik e RIA Novosti:

"O resultado da votação no Conselho de Segurança da ONU é uma vitória da diplomacia russa. Se a resolução fosse adoptada, isto podia trazer consequências graves para os Bálcãs”.

Ela também disse que agora á cada vez mais atual a proposta de criação de uma comissão internacional que fará uma investigação objetiva de que se passou em Srebrenica 20 anos atrás. 

“Habitualmente se trata de números hipotéticos porque não havia e não há provas diretas. Ninguém até o momento fez uma investigação profunda desta tragédia e a versão muçulmana sobre o número de vítimas não foi verificada por ninguém, é tomada como axioma", explicou ela.  

Guskova frisou que durante a crise de Bálcãs há exemplos óbvios de genocídio que não estão investigados. 

"Por exemplo, os sérvios foram expulsos ou mortos no território da Croácia, ali agora não há sérvios", disse ela. 

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Falando das possíveis razões dos autores da resolução, Guskova disse o seguinte:

"Eles querem acusar os sérvios de todos os acontecimentos nos Bálcãs desde 1991. Se se provar que os sérvios são culpados de tudo e que eles são responsáveis por tudo o que aconteceu nos Bálcãs, neste caso é muito fácil justificar as ações da OTAN em 1999 quando, sem decisão do Conselho de Segurança da ONU, a Aliança ousou bombardear um país europeu durante 78 dias".

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