Segundo Kerry e outros diplomatas ocidentais, o Irã ainda não tinha tomado a difícil decisão política de reverter seu programa nuclear. No entanto, um alto funcionário iraniano disse que eram os americanos e seus parceiros que estavam retrocedendo em vários compromissos-chave relacionados ao nível permitido de atividades nucleares do Irã, bem como ao término definitivo das sanções econômicas contra o país.
"Isto não está em aberto", disse Kerry aos repórteres em frente ao palácio que hospeda as negociações em Viena. "Nós não podemos esperar para sempre a decisão ser tomada. Se as decisões difíceis não são feitas, estamos absolutamente preparados para colocar um fim a este processo", ameaçou o chefe da diplomacia norte-americana.
O novo atraso para um acordo abrangente com o Irã é significativo. A atual rodada de negociações entre Teerã e o sexteto de mediadores internacionais – grupo também conhecido como P5+1, composto por EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha – já foi prorrogada duas vezes desde que começou em 27 de junho.
Sob a lei dos EUA, as sete nações que participam das negociações em Viena teriam que concluir o acordo até a manhã desta sexta-feira (10) para evitar um período de 60 dias de revisão por parte do Congresso norte-americano, durante o qual o Presidente Barack Obama não pode reduzir as sanções contra o Irã. Se o prazo tivesse sido cumprido e um acordo tivesse sido alcançado, a revisão do Congresso levaria “apenas” 30 dias.
O novo adiamento, portanto, pode significar que as partes negociantes terão que empurrar as discussões até setembro.
"Nós não vamos nos apressar e não vamos ser apressados", disse Kerry.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, que manteve um encontro a portas fechadas com Kerry na quinta-feira à noite, postou uma mensagem no Twitter dizendo que as partes estavam "trabalhando duro, mas não apressadamente" para realizar o acordo.
.@JohnKerry, @JZarif resume talks in #Vienna http://t.co/1mgAfuXLAh #Iran #IranTalks #IranTalksVienna pic.twitter.com/kmLgEhxApA
— Iran (@Iran) 10 julho 2015
Uma autoridade iraniana, falando em condição de anonimato a vários jornalistas estrangeiros, disse que a relutância do Ocidente em aliviar as sanções econômicas é o maior obstáculo para o sucesso das negociações. Segundo a fonte, os EUA estão "obcecados" com as sanções.
Kerry falou por telefone com o chanceler russo, Sergey Lavrov, que também estava na Rússia. Lavrov expressou otimismo e disse estar preparado para voltar a Viena.
"Nossos parceiros ocidentais, que não apoiaram um projeto de resolução inteiramente aceitável para as outras partes, estão em falta, não o Irã", twittou o chefe da diplomacia russa.
#Lavrov: Our Western partners, who did not support a draft resolution entirely acceptable to the other parties, are at fault, not #Iran
— MFA Russia (@mfa_russia) 9 julho 2015