Para saber um pouco mais sobre este assunto, a Sputnik conversou com o ex-deputado (entre 2005 e 2009) polonês do Parlamento Europeu Zapalowski Andrzej, que hoje atua como um dos dirigentes da Sociedade Geopolítica Polonesa e leciona na Escola Superior de Direito e Administração na cidade de Przemyśl.
Na sua opinião, "desde o início do conflito na Ucrânia, ficou claro que as ações da organização de cunho extremamente nacionalista levariam ao aumento de tensão no país".
"O programa do Setor de Direita diz que a organização dará continuidade às tradições do Exército Insurgente Ucraniano, e os poloneses sabem muito que tradições são essas. No período entre as duas guerras mundiais foram exatamente os seguidores de Stepan Bandera [líder ucraniano de extrema direita, apontado por muitos como um colaborador da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial] que organizaram mais de 3 mil atos terroristas no território da Polônia!" – diz Andrzej.
"Eles tiveram medo de demostrar a sua força no sudeste da Ucrânia, o que seria perigoso demais para eles, mas, pelo visto, Mukachevo pareceu-lhes uma presa fácil. Em Transcarpátia, como se sabe, existem minorias nacionais de húngaros, romenos, e ali também vivem rutenos ortodoxos, aqueles para quem a ideologia dos nacionalistas ucranianos de extrema-direita é totalmente alheia. Dessa forma se faz necessário obrigar esse território a assumir a ideologia nacionalista do oeste ucraniano. E eis que as pessoas do Setor de Direita provocaram ali um tiroteio" – contou.
Falando nas recentes explosões ocorridas na cidade ucraniana de Lvov, Andrzej destacou que as mesmas indicam com clareza que as autoridades de Kiev são incapazes de controlar a situação no próprio país.
"A Ucrânia continua com seu padrão de vida em baixa, além de outros fenômenos de crise, o que somado à frustração e ao descontentamento generalizados pode levar no futuro a uma guerra contra o atual governo. E isso pode levar à guerra civil. E isso tudo acontece imediatamente junto às fronteiras dos países da UE: Polônia, Hungria e Eslováquia! O Setor de Direita está semeando na Ucrânia as sementes do terrorismo, da bandidagem, distribuição ilegal de armas, anarquia. E esse é o caminho para a desestabilização nos países que fazem fronteira com a Ucrânia. Pode-se esperar que pessoas suspeitas de terrorismo na Ucrânia entrarão nos países da UE, incluindo a Polônia, e promoverão ali as suas próprias regras. Não estamos falando de indivíduos separados, mas de grupos de algumas dezenas de pessoas" – disse Zapalowski Andrzej.
"Fico chocado com o quão pouco a mídia polonesa escreve sobre as ações armadas do Setor de Direita! Mas isso é totalmente explicável: afinal, Varsóvia apoia a política das autoridades oficiais da Ucrânia, e não quer desapontá-las de alguma maneira. E, infelizmente, não há informações sobre se a nossa [polonesa] fronteira com a Ucrânia está sendo reforçada. Os húngaros e os eslovacos estão fortalecendo suas fronteiras. Então será que o mesmo está sendo feito no nosso país [Polônia], mas não está sendo informado ao público? Sem dúvida, a ideologia do Setor de Direita é perigosa para regiões fronteiriças" – concluiu Andrzej.