“A investigação ainda não terminou e a resolução 2166 realmente deve garantir a justiça e julgar os culpados após o fim da investigação. Não irá terminar antes de outubro. Segundo dizem os nossos colegas holandeses, irá provavelmente terminar mais tarde. Resumindo, eles esperam terminar até o fim do ano”, disse Lavrov durante uma coletiva de imprensa.
“É uma infração penal que, à proposito, é investigada por holandeses e outros participantes principais deste grupo internacional como uma infração penal”, acrescentou.
Lavrov sublinhou que o “Conselho de Segurança da ONU não tem nada a ver com isso”.
Alguns especialistas concordam com o ministro do exterior russo. Assim, o cientista político independente francês Nikola Mirkovic, autor do livro “O Mártir de Kosovo” comentou a situação à Sputnik:
“Fiquei surpreendido pelo pedido de criar um tribunal sobre o acidente do Boeing MH17. Eu compreendo a dor dos malaios que querem saber o que aconteceu. Mas não é preciso criar um tribunal penal internacional nestas condições quando não sabemos o que aconteceu. Tem de haver mais informação, só neste momento será possível julgar os culpados”.
“Eu acho que a pressa que têm as autoridades dos EUA ao culpar a Rússia parece uma propaganda”.
Não é possível culpar alguém sem mostrar provas existentes, continua Mirkovic alegando que os EUA devem ter fotos de satélites que vigiavam o lugar durante o acidente.
Eric Zuesse, jornalista investigativo americano, no ar da rádio Sputnik criticou a composição do grupo oficial de investigação que inclui Bélgica, Holanda, Ucrânia e Austrália:
“A Ucrânia é o principal suspeito no crime [derrubamento do voo MH17]… Isto sozinho totalmente desqualifica esta assim chamada investigação”.
Entretanto se o tribunal for criado, será um precedente. A vice-diretora do departamento da informação e imprensa da Chancelaria da Rússia, Maria Zakharova comentou o assunto:
“Não é a primeira vez que o avião civil foi abatido. Quando em 2001 militares ucranianos abateram o avião da empresa Sibir (Sibéria), ninguém falava sobre tribunal. O grupo inteiro de defensores de direitos humanos e especialistas durante vários anos realmente bateu para a compensação às famílias das vítimas. As compensações foram recebidas, mas não ficou claro quem foi o culpado pela tragédia. Eu creio que não existem pessoas de diferentes tipos, e não deve pagar compensações em um caso e em outro – exigir investigações internacionais”.
Enquanto isso, jornalistas australianos da News Corp divulgaram o vídeo com subtítulos em inglês, onde no segundo plano ficam destroços do avião caído e no primeiro – umas pessoas falando entre si e por telefone. Curiosamente isto aconteceu na véspera do aniversário do acidente do avião. Este vídeo foi depois usado pela agência Reuters.
Aviso: o vídeo contém imagens que podem chocar espectadores sensíveis.
Entretanto as autoridades australianas não podem confirmar a autenticidade do vídeo, disse a chefe da chancelaria da Austrália, Julie Bishop, na entrevista ao canal de TV Nine Network.
Em 17 de julho de 2014, o voo MH17 da Malaysia Airlines, que fazia a rota Amsterdã–Kuala Lumpur, caiu perto de Donetsk, matando todas as 298 pessoas a bordo. Forças de Kiev e os independentistas da região têm repetidamente culpado um ao outro pela tragédia.
Na quarta-feira (15) a Malásia introduziu no Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução sobre a criação de um tribunal internacional de investigação do acidente do voo MH17.