O incidente aconteceu no distrito de Kozyatinskiy, na região de Vinnytsia. Quando Anatoliy Lyubimov, cujos dois braços são decepados na altura dos ombros, recebeu o chamado dos militares, sua mãe, Tatyana sentiu um misto de espanto e ansiedade pelo país.
"Eu chego em casa e vejo que chegou um aviso de recrutamento. Eu disse a Tolya [apelido de Anatoliy]: 'você está sendo convocado para o escritório de alistamento'. Senti um tal sentimento de ansiedade para com o país nesse momento, pensando ‘olha quem eles estão convocando agora…'", contou Tatyana.
Num primeiro momento, o próprio Anatoliy imaginou que se tratava de uma piada. Ele havia perdido seus braços há nove anos e conhecia pessoalmente o comissário do escritório de recrutamento local, que, segundo Anatoliy, era ciente de sua deficiência física.
Depois disso, as autoridades militares ucranianas foram forçadas a se desculpar pelo erro grosseiro. "Enviamos avisos de recrutamento em conexão com a sexta fase de mobilização", justificou-se o vice-comissário do escritório de alistamento, Leonid Shkur, referindo-se à última mobilização em massa iniciada em 18 de junho devido à continuação da operação militar de Kiev contra os movimentos de independência em Donbass, no leste do país.
A convocação deve continuar até meados de agosto, sendo que as autoridades ucranianas pretendem recrutar entre 100 mil e 150 mil homens para as forças armadas apenas em 2015. Em março, o presidente do país, Pyotr Poroshenko, assinou um decreto para elevar o contingente do exército nacional a 250 mil funcionários.
Cada nova onda de mobilização decretada por Kiev fortalece a resistência em massa dos jovens contra a guerra. Para escapar do serviço militar, os ucranianos escondem-se dos recrutadores em casas de parentes ou fogem para o exterior (principalmente para a Rússia, onde se estima que residem cerca de 1,3 milhão de recrutas em potencial).
As autoridades ucranianas reagem ameaçando duras penas de prisão para quem se recusa a prestar o serviço militar, bem como expandindo o recrutamento para incluir homens com até 60 anos de idade.
No início desta semana, todo um batalhão de tanques virou notícia na Ucrânia depois de abandonar o posto sem autorização, recusando-se a receber ordens de seu comando e exigindo que Poroshenko lide com a corrupção generalizada e a falta de lei no exército.