A conversa telefônica que realizou na quarta-feira (22) o presidente dos EUA com o seu colega da Turquia terminou com um acordo para reforçar a fronteira entre a Turquia e a Síria, local de acesso de elementos extremistas ao país.
“Os líderes debateram os esforços para ampliar a cooperação e cortar o fluxo de combatentes estrangeiros, assim como garantir a segurança da fronteira turca com a Síria”, reza o comunicado, ao qual a Sputnik teve acesso.
Obama condenou o atentado da segunda-feira, que matou 32 pessoas na cidade de Suruc, na região fronteiriça de Sanliurfa, e também a morte violenta, na quarta-feira, de dois policiais turcos.
A responsabilidade por este segundo incidente foi assumida pelos militantes radicais do Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK, na sigla em turco). Segundo fontes do partido, trata-se de uma “ação punitiva” pela explosão em Suruc, já que o governo, segundo eles, mostra inação quando se trata de ataques contra a comunidade curda.
Na segunda-feira, uma explosão ocorreu em um café situado na frente do centro cultural Amara, onde estava acontecendo um encontro de juventude curda (uma minoria étnica da Turquia, Síria e Iraque). O autor da explosão foi um jovem turco de 20 anos, que tinha aderido há dois meses ao grupo Estado Islâmico, reconhecido como organização terrorista e proibido em vários países.
Aquele grupo de ativistas foi composto principalmente de curdos que participam de um programa de reconstrução de Kobane, cidade situada na região curda da Síria e destruída pelo Estado Islâmico, que proíbe todo esforço de reconstrução por tratar-se de uma cidade de não-muçulmanos.
Segundo a testemunha Zehra Yanardag, contatada pela Sputnik, o evento com 300 ativistas da Federação de Associações da Juventude Socialista, vindos de 19 províncias turcas, tinha sido acordada com antecipação. O centro cultural Amara devia ser o local da sua partida para a Síria de 20 ativistas, já que as autoridades não permitiram a entrada em Kobane a todos eles.
Yanardag conta que a explosão ocorreu durante uma pausa, quando ela e um grupo de pessoas entraram no prédio do centro cultural para discutir algo.
“Uns 10 segundos salvaram-me da morte naquele dia. Se eu tivesse permanecido na rua mais 10 segundos e não tivesse entrado no prédio do centro, é possível que agora eu não estaria entre os vivos”, comenta.
Já Kenan Yildizeller, outro ativista, explica que a explosão aconteceu um pouco depois de um anúncio sobre uma declaração oficial que os ativistas iriam proferir. Isso fez com que a maioria dos ativistas saíssem do prédio:
“Quando anunciaram que haveria uma declaração para a mídia, todas as pessoas que estavam dentro do prédio do centro, reuniram-se fora. Se não houvesse aquela declaração, o número de vítimas não seria tão grande. Eu não seu quem e como resolveu fazer essa declaração”.
Yildizeller teve uma lesão na perna, com prognóstico de pelo menos dois meses de internação antes de poder caminhar de novo.
Uma série de países, inclusive a Alemanha e a China, e também o Conselho de Segurança da ONU, já condenaram firmemente o atentado em Suruc e exprimiram condolências oficiais aos familiares das vítimas e às autoridades do país.