Em uma entrevista à Sputnik, Enver Muslim, primeiro-ministro do cantão de Kobane, parte da Síria de maioria curda, disse que a região não quer ser um país independente.
No entanto, houve vários projetos de reconstrução, a última delas, até agora, era a de um grupo de ativistas curdos e pró-curdos da vizinha Turquia. Eles deviam partir a Kobane na segunda-feira passada, a partir da cidade de Suruc, na região fronteiriça de Sanliurfa. Mas, pouco antes da partida, uma explosão matou 32 pessoas e feriu mais de uma centena.
Um simpatizante do EI provou-se como o autor do massacre.
Comentando este fato trágico, o chefe de Kobane disse que as vítimas daquele atentado não são só vítimas de Suruc, são também vítimas de Kobane:
“A juventude veio para construir Kobane de novo. E antes já vinha juventude a Kobane para estar junto da população civil nos tempos difíceis. Eles participaram da defesa da cidade. Por isso, nós consideramos as vítimas de Suruc como vítimas de Kobane <…> Nós nunca esqueceremos aqueles jovens que morreram após a explosão no centro cultural Amara”.
Além disso, Enver Muslim frisou que a tragédia de Kobane não é uma tragédia só curda: “Em Kobane, morreram jovens curdos, árabes, jovens da Armênia, Irã e Europa. Isso mesmo pode ser dito dos jovens que morreram durante o atentado no centro cultural Amara”.
O chefe de Kobane notou que “o alvo do EI não foi Kobane, mas sim a vida unida dos povos”. “E é por isso que nós desejamos manter boas relações com todos”, frisou.
Muslim especificou que a sua região está pronta para ajudar no combate ao EI.
Também comentou a situação na Síria, dizendo que a guerra não é uma solução viável e que “todas as forças e organizações da Síria devem se sentar à mesa de negociações para regular a crise”.
Depois do atentado em Suruc, o problema da identidade curda voltou para a agenda turca. Indignados com a suposta inação das autoridades, que não souberam prevenir a explosão, alguns militantes do Partido Trabalhador do Curdistão (PKK) mataram dois policiais. Em entrevista à Sputnik, Enver Muslim condenou tal conduta e disse que os curdos, pelo menos em Kobane, não querem que as relações entre as regiões curdas, a Turquia e a Síria piorem. “Passamos dezenas de anos em crise. E digo, em nome do meu cantão, que os nossos desejos são relações positivas e métodos democráticos”, disse, acrescentando que a “Turquia é nossa vizinha e nós queremos manter boas relações com ela”.
Enver Muslim declarou também que os curdos de Kobane não querem criar um “Estado curdo”, desmentindo rumores a este respeito.