Turquia disponibiliza suas bases militares aos EUA para combater Estado Islâmico

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O gabinete de ministros da Turquia aprovou formalmente a abertura das suas bases aéreas aos EUA, esperando ajuda no combate ao Estado Islâmico.

Ainda não há acordo oficial assinado pelas partes, mas mesmo assim, as bases militares turcas podem começar já a ser ocupadas pela Força Aérea estadunidense. A medida, anunciada nesta quarta-feira (29) pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Turquia, Tanju Bilgic, não inclui ajuda aérea às milícias curdas que combatem o Estado Islâmico no norte da vizinha Síria.

Na semana passada, a aviação turca já tinha assestado um golpe contra as milícias curdas no Iraque.

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Foi na semana passada também que a Turquia participou pela primeira vez de um confronto armado contra o Estado Islâmico, grupo reconhecido como organização terrorista e cuja atividade está proibida em uma série de países.

Anteriormente, a Turquia não tinha participado do combate ao Estado Islâmico. Porém, agora, depois do atentado da semana passada na cidade de Suruc e os ataques posteriores, os EUA parecem ter arrumado mais um aliado no combate ao terrorismo internacional. Porque foi aos EUA que a Turquia pediu ajuda.

Contudo, na terça-feira, o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, exprimindo “solidariedade” com o povo e as autoridades turcas, negou que a Aliança estivesse preparando ajuda militar à Turquia, porque o país não tinha solicitado tal ajuda.

Antes do confronto do final da semana passada, a Turquia tinha permanecido neutra nesta luta. Mas o tiroteio transfronteiriço parece ter mudado tudo.

Existe um fator complicador: as autoridades da Turquia têm considerado as milícias curdas como inimigo principal. Agora, com a abertura oficial da frente de batalha com o Estado Islâmico, o presidente Recep Tayyip Erdogan declarou que não via possibilidade de se manter negociações de paz com a minoria curda, existente tanto na Turquia, como na Síria e no Iraque.

O Estado Islâmico considera os curdos como seus inimigos por não serem “muçulmanos corretos”.

Depois do atentado em Suruc, perpetrado por um membro do Estado Islâmico, um grupo de militantes da ala extremista do Partido dos Trabalhadores Turcos (PKK) mataram dois policiais como “vingança”, supostamente, pela inação das autoridades turcas na prevenção de atentados contra a minoria curda.

A Sputnik contatou o ex-embaixador da Sérvia na Turquia, Dusan Spasojevic, que opinou que Ancara não quer que esta minoria organize um Estado curdo:

“Primeiro que tudo, as autoridades turcas temem que os curdos formem seu próprio Estado no norte da Síria, criando assim um cinturão que iria isolar a Turquia do resto do mundo islâmico no Oriente Médio. Isso causaria pressão na Turquia com o objetivo de oferecer aos curdos locais uma espécie de autonomia que eles já conquistaram para si no Iraque e na Síria”.

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Para Spasojevic, Erdogan vê o combate aos terroristas como uma possibilidade de mostrar força em relação aos curdos.

Comentando a situação internacional, o entrevistado afirmou que a Turquia fará tudo para evitar que a Rússia se torne um adversário seu na região.

“Todas as partes que estejam de uma ou outra maneira envolvidas nos acontecimentos no Oriente Médio, inclusive o Ocidente, querem ver a Rússia como pelo menos um Estado com o qual se pode consultar – e na maioria dos casos, um Estado amigo e parceiro. Isso não se aplica, claro, ao Estado Islâmico, ninguém quer ser parceiro dele”.

Segundo Spasojevic, o Estado Islâmico será “um dos fatores que fará muitos países do mundo se unirem para combatê-lo”.

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