O conflito entre os dois países, que começou há mais de um século, ficou ainda mais acirrado em maio deste ano, após a empresa petrolífera Exxon-Mobil ter anunciado a descoberta de uma grande reserva de petróleo na costa marítima de Essequibo, o que fez com que o presidente da Venezuela baixasse um decreto determinando que toda a área pertence a seu país, mesmo que atualmente o território esteja sob o domínio da Guiana.
Segundo Rafael Araújo, professor de História e Relações Internacionais das Instituições Unilasalle e da Universidade Rural do Rio de Janeiro, quando a Guiana entregou a exploração da região para a Exxon-Mobil tinha como objetivo que a petrolífera desenvolvesse a economia do país. Mas o Tratado de Genebra, assinado em 1966, determina que uma área de contestação entre dois países não pode ser explorada.
Para o especialista, a reunião na Unasul vem com o objetivo de buscar uma solução entre Guiana e Venezuela, em que o Governo venezuelano apresentou uma proposta formal no sentido de criar uma comissão binacional para negociar sobre o que pode ser feito com Essequibo.
Rafael Araújo explica que, em meio ao conflito, os Estados Unidos entraram como um dos protetores da Guiana. “A Guiana tem dois grandes aliados nessa questão – a Inglaterra e, sobretudo, os Estados Unidos. Por isso, até essa postura da Guiana de não respeitar o acordo de Genebra, de enfrentar o Governo de Nicolás Maduro, vem nesse sentido. Ela sabe que por trás dela existem dois gigantes que estão ali para protegê-la e de certa forma para legitimar suas ações.”
O especialista ressalta que no caso norte-americano fica muito claro o interesse da indústria petroleira estadunidense. “Não é à toa que a Exxon-Mobil está com o direito da exploração do petróleo da região de Essequibo, e isso vem justamente atender os interesses da indústria do petróleo americana. Eu particularmente não vejo outra razão dessas manobras que foram feitas pela Guiana com o apoio dos EUA no sentido de explorar a região de Essequibo, num momento em que de certa forma existe uma demanda não só estadunidense, mas mundial por petróleo.”