De acordo com a ministra Kátia Abreu, inicialmente os chineses queriam um novo certificado com as exigências negociadas ponto a ponto, mas decidiram voltar atrás, e mantiveram o certificado exigindo apenas que o governo refizesse alguns itens.
Com a decisão, as empresas brasileiras interessadas em vender leite e derivados para China já podem se candidatar, informou a ministra, ressaltando a importância da abertura desse mercado para os produtores de laticínios.
“As nossas empresas já podem encaminhar o seu interesse em habilitação. Nós já comunicações todas as empresas de lácteos no país, e a nossa expectativa é a de que as mesmas 26 empresas que se habilitaram para a Rússia devem se habilitar para a China. Isso vai trazer uma expectativa para o mercado interno muito positiva. Porque dos nossos cinco milhões produtores, 800 mil são produtores de leite, e sempre numa situação de muita penúria, muita dificuldade, porque o leite não espera para o dia seguinte. O leite é o dia. Não dá para estocar normalmente dos produtores para o laticínio. Isso vai trazer um equilíbrio melhor de preços para nossos produtores, mais previsibilidade, contratos melhores. Isso vai melhorar não só a nossa perspectiva de divisas de exportação, mas melhorar a condição interna do mercado de leite no Brasil”.
Segundo a ministra da agricultura, num primeiro momento, a China deve importar cerca de US$45 milhões por ano de produtos lácteos brasileiros, especialmente leite em pó, queijos e manteiga.
Kátia Abreu anunciou que com a abertura do mercado chinês aos produtos lácteos brasileiros, ela vai viajar para a China em outubro para firmar a troca comercial.
Atualmente, a China é o maior comprador mundial de lácteos, com importações de US$6,4 bilhões em 2014, o que representa cerca de 14% dos US$ 47 bilhões negociados no mundo no ano passado.
Já no caso da Rússia, em pouco mais de dois meses de negociações, o Brasil já tem quase 30 empresas em condições de exportar leite e derivados.
“Nesses dois meses, dois meses e meio, nós já contabilizamos 26 empresas abertas de lácteos, sendo que a metade para leite em pó, e a outra metade, as 13, para todos os produtos: manteiga, queijo, leite em pó. Isso é uma expectativa muito maior do que nós esperávamos”.
A Rússia hoje é o segundo maior importador de produtos do setor. Em 2014, importou do Brasil o equivalente a US$3,4 bilhões, o que representa 7% de todos os produtos comercializados em lácteos.
Nos dias 12 e 13, Kátia Abreu estará de volta à Rússia, integrando a comitiva na missão oficial do vice-presidente da República, Michel Temer.
Além dos negócios com Rússia e China, a ministra também ressaltou a provável assinatura de acordos sanitários para vender carne bovina para a Arábia Saudita, que decidiu suspender o embargo aos produtos brasileiros.
”É o último país do mundo que ainda mantinha o embargo à carne bovina brasileira. Nós agora finalizamos todos os países com a Arábia Saudita. Eles já nos responderam que está tudo ok e, agora, nós vamos só assinar este acordo e as empresas podem começar a sua comercialização”.
Sobre o México e o Canadá, Kátia Abreu disse que as negociações para a exportação de carne também estão em andamento, inclusive abrindo mercado para as aves brasileiras.
“Nessa viagem ao México que nós vamos com o objetivo de reunir todos os ministros da agriculta das Américas para tratarmos da questão da defesa agropecuária, especialmente de uma sugestão de plataforma de gestão agropecuária de trânsito de animais", para harmonizar os procedimentos de importação e exportação, "nós já estamos marcando as reuniões bilaterais", afirmou a ministra.
Tanto México quanto o Canadá, segundo ela, já demostraram o desejo de também abrir seus mercados para a carne bovina brasileira in natura. E, além disso, com os problemas enfrentados pelos produtores de aves norte-americanos, que, por conta de um surto de gripe aviária estão impossibilitados de exportar para o México, o Brasil passa a ser um sério candidato também nesse mercado.
As negociações com a Arábia Saudita, Canadá e México devem gerar para a balança comercial rendimentos em torno de US$ 430 milhões por ano.
Em relação à venda da carne brasileira para os Estados Unidos, Kátia Abreu explicou que ainda depende dos americanos finalizarem as respostas para os protocolos do governo brasileiro.
“Os Estados Unidos nós ainda também não marcamos a nossa ida, porque eles ainda não terminaram de responder os nossos questionários. Porque não são só os países que são muito exigentes, nós também somos, porque eles vão vender para nós e nós para eles. Então, nós também ainda não concluímos os nossos questionários e eles também ainda não fizeram a agenda. Com relação a documentos para os Estados Unidos, nós não devemos mais nada, eles é que ainda estão nos devendo algumas respostas”.
Há uma expectativa ainda do governo brasileiro de que, com a viagem da Presidenta Dilma Rousseff para o Japão, em dezembro, o país asiático também possa abrir o seu mercado para a carne brasileira. De acordo com o Ministério da Agricultura, as exportações para o Japão poderiam render cerca de US$ 502 milhões para os produtores brasileiros.
Já a África do Sul e a Coreia do Sul devem importar US$ 112 milhões de carne suína brasileira por ano. E os países da América Central estão interessados na compra de material genético de aves.