O pedido aconteceu durante a visita do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira, 9, à Argentina. Lula esteve em Buenos Aires demonstrando apoio a Daniel Scioli, candidato governista à sucessão de Cristina Kirchner na eleição presidencial de 25 de outubro.
Sobre a pretensão argentina de ingressar no BRICS – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – Sputnik Brasil ouviu João Cláudio Pitillo, pesquisador do Núcleo das Américas da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro e o Deputado Félix Mendonça Jr., do PDT da Bahia, segundo vice-presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Demais Países BRICS, presidido pelo Deputado André Figueiredo, do PDT do Ceará.
Na opinião do professor Pitillo, “a proposta da Argentina é legítima”, enquanto o Deputado Félix Jr. considera “uma questão de justiça o fato de Brasil e Argentina virem a pertencer ao mesmo bloco comercial, fazendo companhia a quatro outros grandes parceiros internacionais”.
O pesquisador do Núcleo das Américas da UERJ continua:
“O BRICS nasceu no contexto de uma grande alternativa. O Novo Banco de Desenvolvimento é uma realidade, o bloco congrega países com grande poderio militar, com populações enormes, e a Argentina tem que fazer parte disso. Sua entrada vai servir para fortalecer o BRICS e o Mercosul. O desejo manifestado pela Presidente Cristina Kirchner é salutar, importante e até, eu diria, tardio”.
Sobre a possibilidade de o candidato kirchnerista à presidência, Daniel Scioli, colocar como uma de suas bandeiras o ingresso da Argentina no BRICS, o professor João Cláudio Pitillo avalia:
“Para que a Argentina aumente sua capacidade econômica, não vejo alternativa senão a entrada no BRICS. A Rússia vem sofrendo essas covardes sanções de Washington e Bruxelas e automaticamente procura o Brasil e a Argentina para estabelecer uma relação comercial e suprir sua demanda por carne. A Argentina, já há algum tempo, aboliu o dólar na transação com a Rússia, converte peso para rublo. Isso demonstra o interesse da Argentina em integrar o grupo BRICS e mostra também uma ação propositiva da Rússia em se relacionar com os países da América do Sul de forma muito mais justa, muito mais fraterna do que as relações que nós temos há anos com Washington e com a Europa que nos subordina. A Argentina está com uma visão futura pensando no seu desenvolvimento à margem desses ditames econômicos que vêm dominando a América Latina há 500 anos. A Argentina, assim como o Brasil e a Venezuela, percebeu que a saída está nas relações com os outros países que se encontram discriminados, segregados nesse modelo imperialista”.
O Deputado Félix Jr. acrescenta:
“Aqui na América do Sul teríamos os dois maiores países: o Brasil, com um PIB de mais de 5,5 trilhões de dólares, e a Argentina, com uma economia um pouco menor, com um PIB de 500 bilhões de dólares, mas que acrescentaria muito à composição do BRICS. Esta vontade da Argentina de participar do BRICS é legítima, mas os países do bloco devem analisar. Eu acho que não haverá nenhuma resistência dos parlamentares brasileiros quanto a isto”.