Esta organização, formada por intelectuais catalães que se opõem à secessão, apela a uma reforma da Constituição espanhola, que permita desenvolver um sistema federal com base nos princípios de cooperação, lealdade institucional e solidariedade entre os povos da Espanha, contra a aposta independentista.
Para Joan Botella, ex-decano de Ciências Políticas na Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), o processo de independência começou há dez anos devido à "desconfiança gerada" pela resposta dos políticos espanhóis, especialmente do Partido Popular, à reforma do Estatuto de Autonomia catalão, o que levou ao primeiro grande protesto nacionalista nas ruas de Barcelona.
Portanto, a primeira causa deve ser procurada no "tratamento puramente instrumental desses problemas".
A segunda razão está nos "acordos sobre a língua e as referências culturais" da Catalunha, que mantém a sua própria língua, "que têm sido sistematicamente alvo de cortes nos últimos anos".
"Socialmente na Catalunha não há um conflito linguístico", mas o Ministério da Educação espanhol tem "nos últimos três ou quatro anos feito atiçar o conflito."
Por exemplo, "a escolaridade separada das crianças, quando isso nunca tinha sido um problema na Catalunha", lamenta o professor de Ciências Políticas e Administração Pública, na véspera das eleições regionais de 27 de Setembro, que os catalães independentistas consideram como um plebiscito.
Por exemplo, na educação "uma criança catalã recebe um montante ‘per capita’ dois terços inferior à despesa feita na Extremadura", explica o especialista à Sputnik.
"O gasto ‘per capita’ em saúde na Catalunha é metade do que é na Andaluzia" e acrescenta que se faz passar a ideia de que "na Catalunha estamos fantasticamente bem, que somos uns privilegiados, que gastamos mais dinheiro público."
Quando "objetivamente a situação é a inversa", insiste Joan Botella.
"Portanto, não há razões institucionais, sociológicas e econômicas que expliquem que muitos catalães tenham chegado à conclusão de que não há nada a fazer, que você não pode esperar nada do Governo da Espanha" e que a única alternativa é "sair à rua".
Para os federalistas de esquerda "as duas posições são insensatas", referindo-se às posições opostas que Madri e Barcelona mantêm.
"A solução é o federalismo", que "tem um apoio maioritário claro e amplo, que tem legitimidade constitucional e que nos fará evitar o conflito que estamos vivendo, conforme mostram as pesquisas" defende Joan Botella.
"Eu não acredito no direito de decidir, porque não vi reconhecido esse direito em nenhum instrumento, mas há um grande apoio dos cidadãos a que a questão seja submetida a referendo e é difícil apoiar uma posição contrária", conclui o professor.
Oitenta por cento dos catalães são a favor da realização de um referendo sobre a separação da Espanha.