A Cúpula tem a participação de autoridades do setor, empresas petroleiras e especialistas de Colômbia, Venezuela, Chile, Equador, México, Nicarágua e Peru. As restrições impostas pelos norte-americanos ao comércio exterior venezuelano foram uma das preocupações dos participantes da conferência.
Rafael Araújo vê como correta e positiva a tentativa da Venezuela em se voltar para a América Latina, para escoar sua produção de petróleo, caso sejam oficializadas as sanções dos EUA contra o país.
“Eu penso que é correto”, afirma Araújo. “A Venezuela tem que agir no sentido de buscar mercados, já que é um país dependente da exportação de petróleo. Cerca de 90% das matérias que a Venezuela exporta vêm do petróleo. Então, ela tem que buscar alternativas caso de fato os norte-americanos perpetrem sanções contra ela.”
Rafael Araújo destaca, ainda, que por enquanto o Governo brasileiro não se manifestou sobre possíveis sanções dos EUA contra a Venezuela. “No entanto”, comenta, “o Brasil como um país com a liderança do processo de integração na América do Sul, possivelmente vai se posicionar a favor dos venezuelanos.”
Professor de História e Relações Internacionais da Unilasalle e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rafael Araújo também pensa que a tensão que ocorre há cerca de um mês na fronteira entre Venezuela e Colômbia pode interferir no relacionamento comercial entre os dois países.
“Se a situação se intensifica, é evidente que a relação comercial entre os dois países vai ser afetada. Por isso é que colombianos e venezuelanos buscaram o caminho diplomático e da negociação, porque a relação comercial entre os dois países é importante para ambos, já que há uma intensa troca de produtos e matérias-primas.”
“A Venezuela, a própria Argentina em alguns momentos, a Bolívia, o Equador tiraram o peso da OEA como um organismo de fato que possa responder a questões políticas da região após a Guerra Fria, já que toda a criação da Organização dos Estados Americanos esteve muito vinculada à Guerra Fria. Um dos argumentos que esses governos já utilizaram para tirar a credibilidade política da OEA é justamente o fato de o organismo historicamente sempre ter se posicionado favoravelmente a demandas colocadas para a região pelos Estados Unidos.”