Em quatro tópicos, a visão russa sobre Estado Islâmico, Iraque, coalizão e Palestina

© AFP 2023 / TIMOTHY A. CLARY Timothy A. ClaryMinistro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov em pronunciamento da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, 27 de setembro, 2015.
Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov em pronunciamento da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, 27 de setembro, 2015. - Sputnik Brasil
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O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, abordou os assuntos mais importantes da agenda internacional nesta quinta-feira, em entrevista coletiva realizada no quartel-general da ONU, em Nova York.

Cerca de 20 perguntas foram dirigidas ao chanceler russo, que falou sobre temas como as crises no Oriente Médio e o papel da Rússia na questão entre Israel e Palestina. Confira os trechos mais importantes.

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A Rússia iniciou ataques aéreos precisos contra posições do Estado Islâmico nesta quarta-feira, a pedido do presidente sírio Bashar Assad e com a coordenação do Centro de Informações de Badgá, que tem recursos de Rússia, Irã, Iraque e Síria.

O chanceler afirmou que os ataques aéreos na Síria não se expandirão além do território controlado pelo grupo extremista Estado Islâmico. Lavrov ressaltou também que a Rússia não considera o Exército Livre Sírio um grupo terrorista.

"Acreditamos que o Exército Livre Sírio deve fazer parte do processo político, como outros grupos armados em solo compostos por oposições patrióticas sírias. Isto é absolutamente necessário para que o processo político seja sustentável", apontou Lavrov.

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Segundo o ministro, durante o encontro ministerial do Conselho de Segurança da ONU, na quarta-feira, muitos países mostraram interesse na formação de uma ampla coalizão antiterrorista como foi proposta pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin.

"Acho que muitos viram positivamente e com interesse a iniciativa do Presidente Putin sobre a necessidade da criação de uma frente ampla antiterrorista que seria baseada em leis internacionais, na carta de ONU, e que agiria com o consentimento e em coordenação com os países da região", explicou Lavrov.

O diplomata russo discorda das alegações de que o presidente sírio, Bashar Assad, deve ser removido do poder para que o Estado Islâmico seja derrotado.

"Não podemos nos esquecer do processo político, mas não podemos condicionar a luta contra o Estado Islâmico à mudança do sistema político na Síria. Areditamos que, antes de tudo, lutar contra o terrorismo deve ser uma prioridade, mas paralelamente a isto, não depois, muitas coisas podem ser feitas na frente política."

Lavrov também chamou de absurdas as acusações de que a Rússia entrou na luta contra o terrorismo para tirar a atenção do conflito na Ucrânia.

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O ministro de Relações Exteriores da Rússia afirmou que no momento o país não está planejando expandir seus ataques aéreos até o Iraque, já que o governo iraquiano não pediu oficialmente a assistência de Moscou.

Mais cedo, também nesta quinta-feira, o primeiro-ministro do Iraque, Haider Abadi, afirmou que comemoraria ataques aéreos da Rússia contra posições do Estado Islâmico em seu país, já que o apoio fornecido pela coalizão liderada pelos Estados Unidos é insuficiente.

Lavrov admitiu, entretanto, que a Rússia fornece armas aos combatentes curdos através do governo do Iraque.

"Fornecemos armas aos curdos por meio do governo do Iraque. E o centro de informações que foi estabelecido em Bagdá abraça representantes militares de Iraque, Síria, Irã, Rússia, e os curdos também estão representados com seu governo autônomo", explicou Lavrov.

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Lavrov ressaltou aos jornalistas que tanto a Rússia quanto a coalizão liderada pelos EUA têm o objetivo comum de derrotar o Estado Islâmico na Síria. Entretanto, segundo o chanceler, a Rússia não pode fazer parte da coalizão porque esta opera sem respeitar leis internacionais.

"Por mais de um ano, a coalizão vem bombardeando a Síria sem o consentimento do governo sírio, sem um 'OK' do Conselho de Segurança, sem informar ninguém… Nós, de fato, temos interesse em cooperar com a coalizão, mas não podemos fazer parte dela porque a coalizão opera sem mandato do Conselho de Segurança e sem o pedido de um dos países nos quais ela atua", enfatizou Lavrov.

As leis internacionais permitem ação militar no estrangeiro apenas quando aprovada pelo Conselho de Segurança, como ato de legítima defesa ou segundo um pedido específico da liderança do país.

Sobre as relações da Rússia com o Ocidente, Lavrov declarou que a Rússia acredita em ação conjunta e esforços coletivos baseados em leis internacionais e "acordos alcançados e jamais rompidos."

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O ministro russo admitiu que o Quarteto do Oriente Médio (ONU, Estados Unidos, União Europeia e Rússia)  não vem conseguindo progredir na questão do assentamento de Israel e Palestina nas condições atuais.

"O Quarteto, infelizmente, só pode falar por enquanto. Ele não silencia, mas não faz nada mais do que falar… Todos expressam insatisfação com esse impasse, mas até agora não conseguimos dar passos adiante."

Lavrov afirmou também que "o Quarteto adotou ontem uma declaração que diz quase tudo que queríamos dizer, inclusive sobre os assentamentos, outros passos unilaterais e a necessidade de se implementar resoluções da ONU sobre o estado da Palestina, sobre Jerusalém e dali em diante."

A Rússia, juntamente com EUA, UE e a ONU, faz parte do Quarteto do Oriente Médio, formado em 2002 para mediar o processo de paz no conflito entre Israel e Palestina. Na quarta-feira, o Quarteto publicou uma declaração reafirmando seu compromisso para uma solução que resulte em dois estados para Israel e Palestina.

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