Segundo Diego Pautasso, a relação da Rússia com a Síria é histórica. Desde os anos 1970, o diálogo entre as regiões vem se sustentando:
“Do lado do regime Assad há uma necessidade de suporte e inteligência, e capacidade bélica para manter o regime de pé. E do lado da Rússia cada vez mais se percebe que é fundamental (e Putin também chamou a atenção para isso na ONU) a reconstrução desses Estados que foram destruídos por intervenções, com apoio do Ocidente, e são essenciais para conter e combater o Estado Islâmico no Oriente Médio.”
O Professor Pautasso considera que a política externa russa foi a posição mais acertada desde o princípio com relação à questão síria e, consequentemente, ao Estado Islâmico:
“Primeiro, ao afirmar que os rebeldes sírios eram, na verdade, jihadistas, e que isso não terminaria bem. Segundo, ao afirmar que só há combate ao Estado Islâmico com uma equalização de potências mundiais associadas aos Estados-chave da região, que no caso seriam a Síria, o Iraque e, sobretudo, o Irã. Esse é o ponto de divergência fundamental com o Ocidente. Uma eventual queda do governo de Bashar Assad poderia espalhar ainda mais a influência desses grupos e tornar realmente a situação algo bem fora de controle.”
Após as ações militares da Rússia contra o Estado Islâmico na Síria, que começaram na quarta-feira, 30, Diego Pautasso pensa que as medidas de Vladimir Putin não serão vistas de forma negativa pelo Ocidente.
O especialista em Relações Internacionais Diego Pautasso chama atenção ainda para o fato de que a atitude da Rússia já está com reflexos em alguns países da Europa, que estão começando a mudar de posição em relação à manutenção do Governo Assad na Síria, entendendo que a sua permanência auxilia – e não atrapalha – no combate ao Estado Islâmico.”