"Não é verdade que o petróleo é a mais importante fonte de receitas para o EI; é uma importante fonte de renda, mas a mais importante é, na verdade, a tributação. O EI controla hoje um território com 8 milhões de pessoas e aplica impostos sobre esta população para [financiar] seu negócio", disse Napoleoni, que também é especialista em financiamento do terrorismo e lavagem de dinheiro.
Só então, afirma a analista, entra na lista de recursos financeiros do grupo terrorista todo o resto de suas atividades. E, aqui, o contrabando de qualquer tipo é extremamente vital para a sobrevivência dos jihadistas.
"E, finalmente, há o tráfico de migrantes, porque o EI aplica um imposto sobre cada indivíduo que cruza a fronteira. A maior parte das travessias é feita por traficantes no território que é controlado pelo EI, com destino à Turquia. Isso também constitui uma enorme, gigantesca receita, de cerca de 500 mil euros por semana".
"Esta é uma economia de guerra, que ganhou acesso às economias dos países vizinhos, também afetados pela economia de guerra", observou a jornalista italiana.
"Eles estão vendendo petróleo no Curdistão, eles estão vendendo petróleo no sul da Síria, eles estão vendendo petróleo na fronteira com a Turquia. E a mesma coisa acontece com o contrabando de produtos, de comida a baterias. A menos que pacifiquemos completamente a área de fronteira, o que é impossível, de maneira alguma nós poderemos acabar com este tipo de comércio", enfatizou.
Com relação aos sequestros, Napoleoni explicou que inicialmente a prática foi uma das principais fontes de receita do EI. Entre 2014 e 2015, segundo ela, o grupo conseguiu algo entre 75 e 100 milhões de dólares em resgates, mas, agora, percebeu que o contrabando de migrantes é muito mais rentável.
No entanto, concluiu Napoleoni, o que é ainda mais grave que o financiamento em si ou o dinheiro do comércio ilegal são as armas fornecidas a grupos da oposição síria pela coalizão internacional liderada pelos EUA, já que são enormes as chances de elas caírem nas mãos do EI, em nada colaborando para o fim da campanha de sangue do grupo terrorista.
É como já dizia Benjamin Franklin: na vida, nada é mais certo que a morte… e os impostos.