Morte e Impostos: Como o Estado Islâmico ganha dinheiro, segundo analista italiana

© AP Photo / FileMilitantes do Estado Islâmico em Fallujah, no Iraque
Militantes do Estado Islâmico em Fallujah, no Iraque - Sputnik Brasil
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Enquanto muitos especialistas apontam a venda ilícita de petróleo como a principal fonte de receitas do Estado Islâmico (EI), a jornalista e analista política italiana Loretta Napoleoni, em entrevista à Radio Sputnik, afirma que o grosso dos lucros terroristas vem mesmo é com a tributação.

"Não é verdade que o petróleo é a mais importante fonte de receitas para o EI; é uma importante fonte de renda, mas a mais importante é, na verdade, a tributação. O EI controla hoje um território com 8 milhões de pessoas e aplica impostos sobre esta população para [financiar] seu negócio", disse Napoleoni, que também é especialista em financiamento do terrorismo e  lavagem de dinheiro.

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"O petróleo também é tributado, com royalties", acrescentou a entrevistada, explicando que “quem quer que seja que dirija a produção de petróleo e o contrabando, paga um royalty".

Só então, afirma a analista, entra na lista de recursos financeiros do grupo terrorista todo o resto de suas atividades. E, aqui, o contrabando de qualquer tipo é extremamente vital para a sobrevivência dos jihadistas.

"E, finalmente, há o tráfico de migrantes, porque o EI aplica um imposto sobre cada indivíduo que cruza a fronteira. A maior parte das travessias é feita por traficantes no território que é controlado pelo EI, com destino à Turquia. Isso também constitui uma enorme, gigantesca receita, de cerca de 500 mil euros por semana".

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A especialista afirma que não há quase nenhuma maneira de cortar os fundos do grupo, na medida em que o EI se configura como uma economia fechada, onde não há dinheiro vindo de fora. Napoleoni admite que pode haver alguns patrocinadores privados financiando o grupo terrorista, mas insiste que a maior parte das receitas viaja através do deserto, em notas, sem que haja quaisquer formas realistas de se segui-lo em meio à guerra na Síria.

"Esta é uma economia de guerra, que ganhou acesso às economias dos países vizinhos, também afetados pela economia de guerra", observou a jornalista italiana.

"Eles estão vendendo petróleo no Curdistão, eles estão vendendo petróleo no sul da Síria, eles estão vendendo petróleo na fronteira com a Turquia. E a mesma coisa acontece com o contrabando de produtos, de comida a baterias. A menos que pacifiquemos completamente a área de fronteira, o que é impossível, de maneira alguma nós poderemos acabar com este tipo de comércio", enfatizou.

Com relação aos sequestros, Napoleoni explicou que inicialmente a prática foi uma das principais fontes de receita do EI. Entre 2014 e 2015, segundo ela, o grupo conseguiu algo entre 75 e 100 milhões de dólares em resgates, mas, agora, percebeu que o contrabando de migrantes é muito mais rentável.

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"O EI não faz sequestros, eles são feitos por grupos criminosos que vendem os reféns para o EI. Porque o EI é uma infraestrutura para a negociação, é também um investimento. Depois de algum tempo um refém pode se tornar valioso para eles. Mas, no todo, hoje em dia o sequestro não gera tanto quanto o tráfico ilícito de migrantes", ressaltou a analista.

No entanto, concluiu Napoleoni, o que é ainda mais grave que o financiamento em si ou o dinheiro do comércio ilegal são as armas fornecidas a grupos da oposição síria pela coalizão internacional liderada pelos EUA, já que são enormes as chances de elas caírem nas mãos do EI, em nada colaborando para o fim da campanha de sangue do grupo terrorista. 

É como já dizia Benjamin Franklin: na vida, nada é mais certo que a morte… e os impostos.

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