O referendo está convocado para 21 de fevereiro de 2016. Então, os bolivianos vão ter que responder à pergunta: "Você está de acordo com a reforma do Artigo 168 da Constituição Política do Estado para que a presidenta ou presidente e a vice-presidenta ou vice-presidente do Estado possam ser reeleitas ou reeleitos por duas vezes de maneira contínua?"
Em entrevista exclusiva à Rádio Sputnik, o professor de Relações Internacionais Diogo Dario considera que Evo Morales tem uma popularidade e um poder de articulação política muito grandes, por ter conseguido unir durante todo esse tempo na Presidência da Bolívia a tradição indígena com o movimento de trabalhadores.
“Em 2014 Evo não só se elegeu mas conseguiu fazer com que seu partido conseguisse dois terços da Câmara dos Deputados e do Senado, de forma que ele tem uma margem de manobra para fazer alterações constitucionais de forma muito extensa.”
Segundo Diogo Dario, hoje a oposição está claramente enfraquecida diante das sucessivas reeleições de Morales, e não consegue se articular para mudar o quadro político no país.
“A oposição tem fracassado diante das sucessivas reeleições de Evo Morales, tenta encontrar uma nova forma, uma forma de se articular para construir uma plataforma, uma agenda que apele não só às elites de Santa Cruz, que tradicionalmente votam nesses grupos que estão associados ao comércio do gás e petróleo, como para a vasta maioria da população indígena pobre, que tem nele hoje não só um grande representante político, mas uma figura quase mítica.”
O especialista em Relações Internacionais chama atenção para o fato de que, se o resultado do referendo for favorável a Evo Morales, a oposição não tem um candidato à altura que possa ameaçar a reeleição do presidente.
“Para o cenário da oposição, o que é trágico é que na última tentativa eles tinham uma posição mais unificada, que perdeu a primeira eleição de forma mais disputada mas depois perdeu muito feio, em 2009, quando Evo conseguiu 62% dos votos, e ali a oposição entrou num processo de autofagia, de fragmentação de partidos. Na última eleição Evo Morales concorreu com vários candidatos, que conseguiram resultados insignificantes. E ele ganhou em distritos onde nunca tinha ganho nas eleições anteriores.”