“Estou muito preocupado com a acentuada tendência na Europa de retroceder na integração dos mercados”, disse Obstfeld à AFP, acrescentando que a recente migração em massa para a Europa levou a que muitos países apelassem a introduzir mais medidas restritivas. Na sua opinião, a pressão política exercida pelos extremos da Europa pode reverter todo o progresso da integração que já ocorreu.
Obstfeld disse que, além da crise migratória, há outros fatores que exercem pressão sobre a união. Um deles é a hipótese de o Reino Unido sair da UE, uma ameaça evidente para o que ele acredita ser a forma mais eficaz de impulsionar a recuperação económica da UE.
Enquanto tais países da eurozona como a França ou a Alemanha promovem a integração europeia, o Reino Unido desistiu de tais passos. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, apelou a reconhecer a UE como uma zona de várias moedas, na tentativa de proteger o estatuto de Londres como centro financeiro da Europa.
Um outro fator neste processo são as ações recentes das autoridades da UE para resolver os problemas financeiros nos países-membros. Por exemplo, o modo de tratamento da crise grega ou a atual crise dos refugiados. Enquanto a Alemanha e a Suécia apelam a introduzir quotas para acolher refugiados, tais países como a Dinamarca ou a Hungria se recusaram a aceitar isso, criticando a atitude alemã. Isso cria uma situação favorável ao desenvolvimento do euroceticismo. Por exemplo, recentemente a coalizão de esquerda em Portugal tomou o controle do país.
A variedade de opiniões dentro da UE e a ineficácia das medidas tomadas para resolver os problemas atuais do bloco explicam por que razão muitos duvidam da legitimidade das instituições da UE e estão contra mais integração em geral.