O primeiro dos conflitos de alto risco é a guerra na Síria, escreve Farley em um artigo para o The National Interest. A propagação do Estado Islâmico é uma das maiores preocupações do mundo, incluindo da Rússia, da França e dos EUA. Mas, mesmo se esses países se juntarem numa coalizão, as tensões internas dentro da aliança poderão aumentar devido a haver planos diferentes sobre o futuro da Síria.
O difícil relacionamento entre a Índia e o Paquistão, capaz de se deteriorar a qualquer momento, é uma outra possível "faísca". Se os grupos radicais apoiados por Islamabad realizarem atentados terroristas na Índia como aqueles que ocorreram em Mumbai em 2008, a paciência de Nova Deli não se manterá por muito tempo. Neste cenário, se o Paquistão sofrer uma grande derrota às mãos da Índia, o uso de armas nucleares táticas poderá ser visto por Islamabad como a única maneira de resolver a situação depois de esta ter escalado, observa Farley.
Ele continua dizendo ser muito provável, nessa situação, que os EUA, que reforçaram os seus laços com a Índia nos últimos anos, venham a entrar na guerra, assim como a China, que poderia tomar o lado do Paquistão.
A terceira razão possível poderia aparecer no mar da China Oriental, onde durante os últimos dois anos a China e o Japão têm vindo a jogar um perigoso jogo político sobre as Ilhas Senkaku/Diaoyu. Ambos os Estados reivindicaram esses territórios e implantaram as suas Forças Armadas nas zonas próximas. Se esse conflito deflagrar, os Estados Unidos, vinculados por um acordo de cooperação e segurança, ficarão do lado do seu aliado de longo prazo, o Japão.
Além disso, a situação no mar da China Meridional continuou a suscitar a preocupação mundial por causa do confronto entre os EUA e unidades navais e aéreas chinesas. A perda de autocontrole por qualquer um dos lados pode resultar em consequências terríveis. Uma guerra entre Pequim e Washington seria uma catástrofe em si, mas o ponto aqui, de acordo com Farley, é que muito provavelmente o Japão e a Índia se intrometeriam na guerra.
E, finalmente, o último ponto da lista de Farley é a crise na Ucrânia. O resultado de toda a situação depende em grande parte em que medida a OTAN está pronta a interferir nos assuntos internos do país, destacou o especialista.
Se a OTAN intervier na Ucrânia, a Rússia será forçada a tomar contramedidas. Além disso, qualquer ataque a qualquer dos países-membros da aliança poderá desencadear uma ofensiva da OTAN.
Farley conclui dizendo que as potências mundiais não conseguem entender como os jogos de guerra são perigosos. A verdade é que, hoje em dia, os líderes dos países mais poderosos devem permanecer vigilantes e mitigar as crises ao redor do mundo, ao invés de as escalar.