Terceira Guerra Mundial será digital, advertem analistas

© AFP 2023 / Thomas SamsonSegurança na Internet vem marcando as relações entre EUA e China
Segurança na Internet vem marcando as relações entre EUA e China - Sputnik Brasil
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Um novo escândalo pré-eleitoral sacudiu os EUA recentemente, segundo lembra o site de análises políticas What They Say About USA esta semana. Hackers anônimos, alegadamente russos, tentaram invadir o e-mail da pré-candidata à presidência Hillary Clinton, reacendendo o debate sobre os rumos globais da guerra digital.

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Conta pessoal de e-mail da Hillary Clinton já foi atacada por hackers
Analistas de cyber-segurança norte-americanos alegam que houve pelo menos cinco tentativas separadas de ataque ao correio eletrônico da pré-candidata do Partido Democrata. No entanto, ainda não está claro se algum dado foi roubado, nem se os hackers realmente eram da Rússia, ou mesmo se os ataques poderiam ter êxito.

O que se sabe com certeza é que a guerra digital vem crescendo a cada ano, gerando efeitos bastante reais nas relações internacionais. Segundo o What They Say About USA, não surpreende que países com dificuldades para manter os custos de exércitos convencionais estejam entrando de cabeça na guerra digital. 

As principais potências mundiais parecem já ter entendido o recado, gastando enormes quantidades de tempo e dinheiro em confrontos invisíveis nos quais as apostas variam de milhões de dólares em tecnologia à boa reputação de políticos promissores. 

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Hackers dos EUA tentam em vão invadir site da Comissão Eleitoral Central da Rússia
São guerras travadas de forma anônima, nas quais os ataques podem ser rastreados em teoria, mas cujas origens, na prática, permanecem quase impossíveis de serem provadas. Mesmo assim, a ação de um único hacker experiente pode ser decisiva para abalar as defesas de um adversário, para não mencionar o que um grupo organizado de tropas cibernéticas poderia conseguir: as possibilidades vão desde a paralisação do programa nuclear de todo um país ao enterro das intenções presidenciais de um determinado indivíduo.

A impressão inicial é de que a segurança cibernética nos EUA, ator de peso no setor de alta tecnologia, anda em boa forma. Em princípio, a estratégia de operações militares nesta esfera está montada, a infraestrutura de proteção está instalada e a colaboração com os aliados está garantida, segundo observa o site analítico. 

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China diz que acusação dos EUA sobre hackers é irresponsável e contraproducente
Em 2011, a Casa Branca anunciou que ataques cibernéticos contra os EUA ou seus aliados seriam classificados como atos hostis, passíveis de serem respondidos da forma mais severa, inclusive com sanções econômicas e agressões militares. 

Desde então, o grande vilão da história, pelo menos no que diz respeito à percepção dos norte-americanos, tem sido a República Popular da China. Embora o país asiático perca para os EUA no tamanho de suas frotas navais e aéreas, os chineses inicialmente tiveram a liderança no setor digital, começando a desenvolver suas estratégias de guerra cibernética já em 1995, nove anos antes dos americanos.

Em 2010, hackers desconhecidos atacaram 35 das maiores empresas dos EUA – entre elas Google, Northrop Grumman, Symantec, Yahoo, Dow Chemical, Adobe Systems e outras – e roubaram valiosas informações científicas e militares. Washington acusou Pequim de estar por trás dos ataques – alegação veementemente negada pelas autoridades chinesas –, mas não se engajou em medidas de retaliação.

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Em meio ao impasse, surgiu na cena o agora mundialmente conhecido Edward Snowden, ex-agente da inteligência norte-americana, alegando que as tropas especializadas na guerra digital dos EUA estavam há anos interceptando o tráfego de mensagens SMS na China, tendo invadido as redes dos centros de pesquisa científica mais importantes do país asiático.

Em agosto de 2015, hackers chineses invadiram o escritório de recursos humanos da rede de Administração dos EUA, onde eram mantidos os dados de todos os que já trabalharam para a Casa Branca, em qualquer função. A quantidade de informações hackeadas permanece desconhecida, mas supõe-se que tenham sido vazados os dados de 14 milhões de pessoas, inclusive de agentes norte-americanos que exercem influência sobre governos estrangeiros.

Desta vez, os EUA imediatamente começaram a ameaçar impor sanções econômicas sobre a China, apesar de Pequim ter insistido que a ação havia sido orquestrada por hackers solitários. 

O impasse foi atenuado durante a recente visita oficial do premiê chinês Xi Jinping aos EUA. Um memorando sobre a cessação bilateral das atividades de espionagem digital foi assinado, bem como um compromisso mútuo de coordenação dos esforços para prevenir a criminalidade cibernética.

Quanto à Rússia, a situação é diferente, segundo afirmam os analistas do What They Say About USA. Enquanto os hackers chineses frequentemente podem vir com uniformes oficiais, na Rússia eles parecem vir com ideias próprias, trabalhando por sua própria iniciativa. 

Apesar de muitos esforços, nem os especialistas em segurança cibernética dos EUA nem os da Europa têm sido capazes de apresentar qualquer prova concreta de que o Kremlin estaria por trás dos hackers russos. Muito pelo contrário, Moscou tem mantido uma postura aberta à colaboração, como evidencia o Pacto de Não-Agressão Cibernética assinado entre a Rússia e os EUA em 2013, com a respectiva aprovação dos presidentes Vladimir Putin e Barack Obama.

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Além disso, análises sobre os poderosos ataques cibernéticos lançados contra a Geórgia durante a guerra de 2008 mostraram atividades suspeitas em todos os países da diáspora pós-soviética, e não apenas no território da Rússia. Também foi afirmado que os ataques em questão foram cometidos por indivíduos particulares que apoiavam a política de Moscou durante as hostilidades, mas que trabalhavam em uma base inteiramente voluntária.

Ou seja: é óbvio que há seções dentro dos serviços de inteligência e do Ministério da Defesa da Rússia envolvidos com a questão da segurança digital, mas nunca houve provas concretas a respeito do envolvimento do governo russo em ataques contra outros países, a despeito do que alega grande parte da mídia ocidental. 

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