O que se sabe com certeza é que a guerra digital vem crescendo a cada ano, gerando efeitos bastante reais nas relações internacionais. Segundo o What They Say About USA, não surpreende que países com dificuldades para manter os custos de exércitos convencionais estejam entrando de cabeça na guerra digital.
As principais potências mundiais parecem já ter entendido o recado, gastando enormes quantidades de tempo e dinheiro em confrontos invisíveis nos quais as apostas variam de milhões de dólares em tecnologia à boa reputação de políticos promissores.
A impressão inicial é de que a segurança cibernética nos EUA, ator de peso no setor de alta tecnologia, anda em boa forma. Em princípio, a estratégia de operações militares nesta esfera está montada, a infraestrutura de proteção está instalada e a colaboração com os aliados está garantida, segundo observa o site analítico.
Desde então, o grande vilão da história, pelo menos no que diz respeito à percepção dos norte-americanos, tem sido a República Popular da China. Embora o país asiático perca para os EUA no tamanho de suas frotas navais e aéreas, os chineses inicialmente tiveram a liderança no setor digital, começando a desenvolver suas estratégias de guerra cibernética já em 1995, nove anos antes dos americanos.
Em 2010, hackers desconhecidos atacaram 35 das maiores empresas dos EUA – entre elas Google, Northrop Grumman, Symantec, Yahoo, Dow Chemical, Adobe Systems e outras – e roubaram valiosas informações científicas e militares. Washington acusou Pequim de estar por trás dos ataques – alegação veementemente negada pelas autoridades chinesas –, mas não se engajou em medidas de retaliação.
Em agosto de 2015, hackers chineses invadiram o escritório de recursos humanos da rede de Administração dos EUA, onde eram mantidos os dados de todos os que já trabalharam para a Casa Branca, em qualquer função. A quantidade de informações hackeadas permanece desconhecida, mas supõe-se que tenham sido vazados os dados de 14 milhões de pessoas, inclusive de agentes norte-americanos que exercem influência sobre governos estrangeiros.
Desta vez, os EUA imediatamente começaram a ameaçar impor sanções econômicas sobre a China, apesar de Pequim ter insistido que a ação havia sido orquestrada por hackers solitários.
O impasse foi atenuado durante a recente visita oficial do premiê chinês Xi Jinping aos EUA. Um memorando sobre a cessação bilateral das atividades de espionagem digital foi assinado, bem como um compromisso mútuo de coordenação dos esforços para prevenir a criminalidade cibernética.
Quanto à Rússia, a situação é diferente, segundo afirmam os analistas do What They Say About USA. Enquanto os hackers chineses frequentemente podem vir com uniformes oficiais, na Rússia eles parecem vir com ideias próprias, trabalhando por sua própria iniciativa.
Apesar de muitos esforços, nem os especialistas em segurança cibernética dos EUA nem os da Europa têm sido capazes de apresentar qualquer prova concreta de que o Kremlin estaria por trás dos hackers russos. Muito pelo contrário, Moscou tem mantido uma postura aberta à colaboração, como evidencia o Pacto de Não-Agressão Cibernética assinado entre a Rússia e os EUA em 2013, com a respectiva aprovação dos presidentes Vladimir Putin e Barack Obama.
Ou seja: é óbvio que há seções dentro dos serviços de inteligência e do Ministério da Defesa da Rússia envolvidos com a questão da segurança digital, mas nunca houve provas concretas a respeito do envolvimento do governo russo em ataques contra outros países, a despeito do que alega grande parte da mídia ocidental.