Especialistas: Turquia pode ter abatido o caça russo por ´vingança`

© Sputnik / Dmitry Vinogradov / Acessar o banco de imagensPilotos russos ao lado de um caça Su-24 na Síria
Pilotos russos ao lado de um caça Su-24 na Síria - Sputnik Brasil
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Segundo especialistas entrevistados pelo Sputnik, a derrubada do caça russo Su-24 pode ter sido um espécie de “ato de vingança” de Ancara pelos bombardeios realizados pelas Forças Aéreas da Rússia às instalações de petróleo de grupos terroristas na Síria, muitos dos quais seguem recebendo ajuda da Turquia.

Segundo Nazmi Gur, vice-presidente do Partido Democrático dos Povos,  que também representa os curdos, deputado e ex-membro da delegação turca na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE), é importante entender a política turca para a Síria. 

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“Para entender os motivos desse incidente, é necessário avaliar, em primeiro lugar, a política da Turquia para a Síria. É preciso entender o seu papel na crise síria e considerar as suas ações em relação à Síria nos últimos cinco anos. Em segundo lugar, é preciso atentar para o fato, de que os turcomanos sírios, inicialmente, não eram tão bem organizados, nem armados, e não aspiravam lutar contra Assad. Ou seja, alguém treinou eles, forneceu armamentos, fortaleceu os grupos do exterior. O seu benfeitor misterioso não é ninguém menos, do que a Turquia.” 

“A aviação russa começou a destruir os terroristas que se ocupavam, entre outras coisas, do contrabando de petróleo sírio. Está claro que alguns círculos de grande influência na Turquia ganhavam muito dinheiro com isso, ou seja, com a guerra na Síria. Somente considerando todos esses fatores é possível entender as ações dos militares turcos.”

O doutor Martin McCauley, especialista em Rússia e professor da Universidade de Londres, apesar da surpresa, também apontou em direção o petróleo do Estado Islâmico, que seria exportado pela Turquia. 

“A Turquia tem muito o que responder, até porque Turquia e Rússia são amigos. Tinham boas relações. Negociações sobre diversos projetos comerciais estavam em andamento. Portanto, isso tudo foi algo inesperado”, disse Mc Cauley.

“Por outro lado, há rumores de que os empresários turcos estão intermediando o fluxo de venda de petróleo do Estado Islâmico. Muito desse dinheiro passa pela Turquia. Eles agem em nome do EI, e os combatentes do EI atravessam a fronteira em ambas as direções sem qualquer impedimento. Por isso surge a questão — será que a Turquia realmente está comprometida com a luta contra o Estado Islâmico?”

O ex-chefe do departamento de inteligência do Estado-Maior da Turquia, İsmail Hakki Pekin, vai mais longe e afirma que a Rússia, em perspectiva, poderá submeter o governo turco ao Tribunal de Haia, com base nas informações sobre a venda de petróleo dos terroristas pela Turquia.

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“Os EUA tem informações sobre as atividades da Turquia na região. A Rússia também possui informações sobre quem na Turquia está vendendo o petróleo do EI, para onde ele é vendido e etc. Os EUA, provavelmente, optarão pelo caminho da chantagem. Já o Putin dirá o seguinte à Turquia: ´Já que vocês ousam se comportar assim, então por favor contem também sobre como o petróleo dos militantes do EI é vendido através do seu território e para onde leva o dinheiro dessas vendas`.” 

“Mais cedo ou mais tarde a Turquia poderá ser convocada a responder por isso no Tribunal de Haia, no Tribunal Internacional. Se isso acontecer, a Turquia se verá em uma situação verdadeiramente ruim.”

O especialista alemão, Jürgen Rose, jornalista e tenente-coronel reformado também condenou o incidente e disse que a Turquia tem adotado uma política externa de duplos padrões. 

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“A declaração de Putin está correta e corresponde à realidade de modo completo. A Turquia está dando um golpe pelas costas não só à Rússia, mas também à aliança ocidental, à OTAN. A Turquia, por exemplo, realiza ataques terrestres contra as tropas curdas e também permite o fornecimento de armamentos e munições pelo seu território. A Turquia, ou, mais precisamente, Erdogan, está em estado de confrontação aberta em relação ao presidente Assad. A política turca é de ´duas caras`.”

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