Os caças turcos prepararam uma armadilha para o bombardeiro Su-24 russo no céu porque não tiveram tempo de voar até o local da tragédia a partir do aeródromo mais próximo, disse o comandante da Força Aeroespacial russa, general Viktor Bondarev na sexta-feira (27).
O Su-24 foi abatido a 5,5 km da fronteira turca pouco depois de um ataque contra os militantes, disse Bondarev.
"Quando realizava um ataque contra um alvo que ficava a 5,5 km da fronteira nacional da Turquia, às 10h24 (horário de Moscou, 5h24 — horário de Brasília) a tripulação do tenente coronel Peshkov [piloto morto a tiro a partir de terra] lançou bombas e depois disso foi abatido por um míssil ar-ar de um avião F-16 da Força Aérea turca que havia decolado do aeródromo turco de Diarbaquir", disse.
O caça turco F-16 foi conduzido para o Su-24 a partir de terra, afirmou o comandante. Segundo o militar russo, a decisão de derrubar o Su-24 foi tomada 1 minuto e 40 segundos antes de o avião russo se ter aproximado da fronteira entre a Síria e a Turquia.
O caça turco permaneceu no espaço aéreo sírio por 40 segundos, tendo percorrido 2 km sobre o território sírio. Já o bombardeiro russo não violou o espaço aéreo turco, disse Bondarev.
"Depois da aproximação do caça turco ao Su-24 à distância de alcance do míssil, ou seja, 5-7 km (o que mostra que o caça F-16 voou sobre o território da República Árabe da Síria), este último realizou uma manobra de viragem à direita com perda de altura e desapareceu das telas do radar", disse o general Bondarev.
Nem os meios de controle da base aérea russa na Síria, nem o segundo avião detetaram qualquer aviso da parte do caça turco F-16, disse Bondarev.
Radares turcos vigiaram o bombardeiro russo durante 34 minutos, afirmou o comandante.
Segundo os dados do comandante da Força Aeroespacial russa, no momento do ataque o bombardeiro russo Su-24 realizava uma missão militar em conjunto com o avião principal.
"Os meios de controle objetivo do aeródromo de Hmeymim e do avião principal não detetaram qualquer aviso da tripulação da aeronave turca para os nossos pilotos […]", afirmou Bondarev.
Bondarev afirmou que, segundo os acordos entre a Rússia e os EUA, país que dirige as ações da coalizão internacional contra o Estado Islâmico para prevenir incidentes no ar, a Rússia passou com antecedência informações sobre as regiões onde os dois Su-24 iriam atuar.
"Por isso, as declarações de vários oficiais turcos de que não sabiam a quem pertencia o nosso avião provoca perplexidade", disse.
Nesta terça-feira (24), um bombardeiro russo Su-24 foi derrubado por um míssil ar-ar turco no espaço aéreo sírio. O Ministério da Defesa sublinha que, durante todo o voo, o avião se manteve sempre sobre o território da Síria. Isto foi registrado por meios objetivos de controle, acrescentou o departamento militar. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, classificou o ato como "um golpe nas costas".