Tendo adotado uma posição ambígua em relação ao Daesh (grupo terrorista também conhecido como Estado Islâmico) e lutando contra os curdos (que, na opinião do Ocidente podem ajudar no combate a este grupo jihadista), Ancara conseguiu provocar a indignação das autoridades ocidentais.
“Ficando no caminho rumo ao isolamento em termos diplomáticos, a Turquia tomou um leque de más decisões que hoje levam à escalada nas relações com Moscou”, disse Herreros.
Na opinião do autor, esta decisão foi um erro porque as ligações entre a Turquia e os terroristas não protegeram o país dos atentados terroristas e resultou numa confrontação indireta com a Rússia.
O segundo erro foi uma atitude positiva no que diz respeito ao surgimento do Daesh. O apoio que Ancara presta ao grupo terrorista tem provavelmente a ver com o fato de que a organização ameaça o regime do presidente sírio Bashar Assad e as forças curdas. O presidente turco queria acelerar a derrubada de Assad com a ajuda dos terroristas para estabelecer um regime sunita do outro lado da fronteira turca.
“Apoiando os adversários de Bashar Assad a Turquia adotou a lógica de confrontação com Moscou, cujos resultados observa hoje. Amigos dos meus inimigos são meus inimigos“, nota Herreros.
O terceiro erro da Turquia é a decisão de desenvolver a lógica de escalada da situação. A Turquia se encontrou em um beco sem saída e decidiu abater o avião russo. Se Erdogan pode defender o direito à soberania do seu espaço aéreo, não podia ignorar as consequências deste incidente.
Quando o acordo sobre a luta contra o Daesh entre a Rússia, a França, o Reino Unido e os EUA estava em elaboração, a Turquia se recusou a adotar uma postura razoável, destacou Herreros.
Este erro consiste na falta de esperança para criar uma ampla coalizão contra o Daesh quando Obama e Putin estavam próximos de alcançar o acordo. A Turquia não poderá ser considerada como uma força pacificadora na região porque contribuiu para o surgimento do monstro, conclui Herreros.