Por que os EUA precisam sair da OTAN?

© AFP 2023 / JONATHAN ERNSTSecretário de Estado norte-americano John Kerry durante a conferência de imprensa sobre a reunião da OTAN, Bruxelas, 2 de dezembro de 2015
Secretário de Estado norte-americano John Kerry durante a conferência de imprensa sobre a reunião da OTAN, Bruxelas, 2 de dezembro de 2015 - Sputnik Brasil
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Não possuindo um objetivo claro desde o fim da Guerra Fria, a OTAN se tornou um clube social que convida membros que não podem contribuir militarmente como o Montenegro, a Estônia, Letônia e Lituânia, escreve o analista norte-americano Doug Bandow.

A transformação da OTAN desde a Guerra Fria de aliança militar em um folheto publicitário para atrair os antigos membros do pacto de Varsóvia atingiu o nível mais baixo, com propostas de integrar a Ucrânia e a Geórgia. Isto quando a Aliança não atingiu nada de diferente desde o tempo da confrontação com a Rússia, escreve Doug Bandow na revista norte-americana National Interest.

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Rússia, OTAN e Europa: quem aumenta as tensões?
Depois de a Guerra Fria acabar, os responsáveis tentaram encontrar uma nova razão para a existência da Aliança, que se tornara irrelevante, e apresentaram tais propostas como o intercâmbio estudantil e o combate ao tráfico de drogas. Bandow explica isso como domínio do “instinto institucional”. A organização continuou se desenvolvendo e se expandindo.

“Tendo se separado de forma pacífica da Sérvia muitos anos atrás, Montenegro não ameaça nem foi ameaçado por alguém. Juntar-se à OTAN é semelhante a acumular amigos no Facebook. Faz um pouco mais de que permitir aos altos funcionários de Washington passear pelo mundo se gabando como os EUA são populares”, disse Bandow.

“O problema não é somente o alargamento mais recente da OTAN. A Aliança ignora as mudanças que acontecem dentro dos seus estados-membros. Por exemplo, a Turquia prova que é ela própria uma arena de confrontação que mina a segurança norte-americana e europeia” porque lança uma ofensiva violenta contra os separatistas curdos e ocupa uma terça parte do Chipre. 

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'Alargamento da OTAN não corresponde às necessidades de segurança europeia'
O alargamento da OTAN na Europa acontece apesar de os europeus não terem vontade de aumentar as despesas militares, obrigando os contribuintes norte-americanos a assumir uma grande parte dos gastos.

Os membros europeus da OTAN gastam 1,5% do PIB na área militar, que é muito menos que do objetivo de 2%, colocado pela OTAN, nível que somente a Estônia, Grécia (principalmente para se defender da Turquia), a Polônia (pela primeira vez na história) e o Reino Unido conseguiram atingir.

Segundo Bandow, durante muitos anos, os responsáveis norte-americanos pediam sem sucesso aos europeus para estes gastarem mais na área militar. Na opinião do especialista, os membros europeus da OTAN simplesmente não veem a Rússia como ameaça.

As preocupações de caráter económico permanecem as principais em todo o continente europeu. O apoio à ideia de grandes despesas militares para enfrentar uma ameaça ilusória não dará vantagens aos políticos locais.

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Em resultado, os contribuintes norte-americanos subsidiam os europeus, que se recusam a gastar mais. Assim, a OTAN se torna “um clube social internacional” e não uma aliança militar.

“Os EUA devem fazer em 2016 o que não conseguiram fazer em 1990. Devem anunciar que o mundo mudou desde a criação da OTAN dominada pelos EUA”, reformar ou se retirar da aliança. Bandow disse que uma alternativa pode ser uma maior autosuficiência da OTAN, onde os EUA sejam somente um dos países associados.

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