Mas o que, além da óbvia "reabertura dos laços históricos e fraternos" é o motivo para a decisão de abrir esta entidade militar tão grande?
Na quarta-feira (16), o embaixador turco no Catar, Ahmet Demirok anunciou a decisão de instalar a base, sublinhando que a razão é os confrontos realizados na região entre os "inimigos comuns" para Turquia e Catar.
"A Turquia e o Catar juntamente enfrentam problemas com os acontecimentos na região e as políticas incertas de outros países… Nós confrontamos inimigos comuns. Neste momento crucial para o Oriente Médio, a nossa cooperação é vital", disse.
Segundo esclareceu a agência Reuters, que cita as palavras do embaixador, a nova base será criada para tropas terrestres, militares da Força Aérea e Naval, bem como instrutores e forças especiais. A base será instalada em concordância com o acordo de 2014 entre Ancara e Doha, ratificado pelo Parlamento da Turquia em junho do ano corrente.
No âmbito do acordo Catar também poderia construir a sua própria base na Turquia no futuro. Cerca de 100 militares turcos já estão localizados no Catar, além de 10.000 tropas dos EUA na base aérea de al-Udeid, a maior base norte-americana no Oriente Médio.
O Catar alegadamente financia o grupo terrorista, e a Turquia já várias vezes foi acusada de participar no trafico ilegal de petróleo sírio na Turquia. A Rússia apresentou provas disso, que depois foram confirmadas pelos EUA.
Também contatado pela Sputnik, Aleksei Fenenko, especialista na política internacional da Universidade Estatal de Moscou, declarou que a decisão turca poderia ser uma parte da estratégia proposta por Washington.
"Em outubro, os americanos começaram a insistir que a Rússia é aliada aos xiitas, em particular, como um parceiro da coalizão xiita na Síria (que envolve os alauitas sírios, iranianos e Hezbollah). Agora nós vemos, por meio dos seus aliados sauditas e catarenses, que os americanos estão tentando criar algo parecido com a coalizão sunita para contrabalançar a influência russa e iraniana no Oriente Médio – em outras palavras, um contrabloco", disse.
Ainda de acordo com a opinião do especialista, um passo próximo dos aliados, ou em particular da coalizão liderada pela Arábia Saudita, será “a criação de um governo anti-Assad, a redução ademais dos preços de petróleo e o fornecimento de armas aos rebeldes, que permitirão aos Americanos dizer que foram Saudis e catarenses que forneceram, e não nós”.