“Estava brincando no telhado e um projétil caiu perto de mim. Um pouco de shrapnel atingiu-me”, uma menina ferida disse a Murad Gazdiev, jornalista do RT.
“Dois dos nossos irmãos foram mortos no fogo de projéteis. Passamos tanto tempo em porões que a escola foi fechada. Se você tentava abandonar a aldeia, al-Nusra ia atirar em você”, acrescentou o irmão da menina.
Em Damasco estas crianças finalmente reunificaram-se com o seu pai depois de terem estado separados por dez meses.
“Finalmente escapamos. Eu estava tão feliz de ver o meu pai”, disse o irmão deles.
Uma mulher lembrou o dia quando ela soube que o seu filho foi morto.
“Foi na véspera do Dia das Mães. O meu filho e o marido estavam na nossa loja. Recebi uma chamada dizendo que o meu filho é morto, despedaçado. Disseram que foi um projétil do Canhão do Inferno [arma caseira usada pelos rebeldes sírios]”, contou a mulher.
O seu marido resolveu não ir a Damasco com a sua família, mas em vez disso ficou para defender a sua casa.
“A Frente al-Nusra e o seu Jaish al-Fatah [Exército de Conquista] cercaram muitas aldeias. Eles odeiam-nos só porque somos de fé diferente”, acrescentou.
“Obrigada para quem seja quem organizou isso, mas lamento porque muitos ficaram atrás”, disse a sua filha.
“Espero que os meus amigos tenham conseguido escapar também”, acrescentou.
A família não tinha nem pão, nem farinha e cozinhava o que eles podiam encontrar crescendo nas proximidades.
“Venceremos porque a nossa causa é justa. Estamos lutando contra estrangeiros, afegãos, turcos, chechenos. Outrora era diferente, ninguém foi julgado pela sua religião na Síria”, explicou um sírio resgatado.
A Síria está em estado de guerra civil desde 2011. O governo do país luta contra um número de fações de oposição e contra grupos islamistas radicais como o Daesh (também conhecido como “Estado Islâmico”) e a Frente al-Nusra.