Amigo inesperado: Rússia pode ganhar novo aliado na Síria, mas quem será?

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Muitos pensam que os eventos da I e da II Guerras Mundiais não passam de história antiga sem nenhuma influência sobre a realidade geopolítica atual. No entanto, de acordo com o cientista político e jornalista norte-americano Phil Butler, certos "aspectos técnicos" há muito esquecidos podem inesperadamente se tornar a chave para a paz na Síria.

"Não muitos que leem isto saberão que existem muitas nações ainda em guerra com o Japão e a Alemanha, assim como com outras potências do Eixo, tecnicamente, isto é", escreveu Butler em novo artigo para o site New Oriental Outlook.

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Entre elas estão o Líbano, o Iraque, o Irã e a Síria, diz o autor, acrescentando que, ironicamente, como se vê hoje em dia, "refugiados da região agora afluem ao território inimigo às centenas de milhares".

Em 1945, quando as nações aliadas da Grã-Bretanha, da França, dos EUA e da URSS assumiram a autoridade suprema sobre o Estado alemão, havia "escarsa documentação sobre a exatidão dos resgates e disposições das potências do Eixo".

"Para a Alemanha em particular, tem-se argumentado que a derrota nas mãos das nações aliadas foi de fato uma debelação, ou uma obliteração por meio da guerra contra um Estado soberano".

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Desde então, passados mais de 70 anos, a Alemanha tem sido "uma vassala da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos", segundo o cientista político. No entanto, segundo ele, um único documento poderia vir a mudar toda esta história.

Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, a região do Oriente Médio foi tomada pelas ideias de T.E. Lawrence, mais conhecido como Lawrence da Arábia, misto de arqueólogo, estrategista e escritor britânico, "comandado pela Inteligência do exército britânico a formar um exército árabe de revolta contra os turcos otomanos", que na época eram aliados da Alemanha nazista.

"Lawrence mais tarde se tornou desiludido com o particionamento da Arábia depois da guerra. Ele ficou particularmente desencantado com os esforços da Coroa para estabelecer um Estado judeu no meio da Palestina", acrescenta Butler.

As ideias de Lawrence, referentes à luta por autonomia e coesão entre as tribos árabes no Oriente Médio, foram muito temidas pelo Ocidente. Em 1941, já depois de sua misteriosa morte em 1935, as potências ocidentais lançaram a chamada campanha Síria-Líbano, também conhecida como Operação Exporter.

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"A guerra pela Síria e o Líbano viu batalhas nos mesmos lugares em que vemos o ISIL [Daesh, autodenominado Estado Islâmico], a Al-Qaeda, os chamados jihadistas moderados e os outros combatentes ‘por procuração’ matando-se uns aos outros atualmente. A antiga cidade de Palmira e muitas partes do Iraque foram manchadas de sangue até que o Armistício de Saint Jean d'Acre basicamente entregou a Síria e o Líbano para a Grã-Bretanha", diz o autor.

"A Síria e essas outras nações declararam guerra à Alemanha nazista depois, mas nunca houve um documento de cessação oficialmente assinado entre a Alemanha e estes Estados", nota Butler.

A assinatura deste documento particular, diz o jornalista, pode ser a chave para um final pacífico no atual conflito sírio, que já se arrasta a quase cinco anos.

"Um tratado agora, entre a Síria, o Líbano, o Irã, o Iraque e outras nações que não tenham assinado oficialmente tais declarações consegue três funções muito importantes", defende Butler.

"Em primeiro lugar, por exemplo, uma ‘trégua’ intermediada por Bashar Hafez Assad [presidente da Síria] entre essas nações avança o conceito de independência árabe que T. E. Lawrence defendia. Assad, como catalisador, iria indenizar muitos arrendatários islâmicos, e afastar para milhões o potencial de um novo Império Otomano, que alguns professam já estar em construção".

"Em segundo lugar, um tratado entre a Alemanha e a Síria, em particular, veementemente realinharia a estratégia de aliança ocidental. Ou, em outras palavras, exporia quaisquer encenações neoconservadoras ou banqueiras para destruir e fragmentar o Oriente Médio ainda mais", continua o autor.

"Finalmente, e talvez mais significativamente, a república alemã, finalizando o passado e lançando fora os últimos vestígios do legado nazista, livraria de uma vez por todas o povo alemão do jugo do controle aliado", conclui.

Portanto, diz Butler, uma Europa alinhada em paz com os países do Oriente Médio e, mais importante, com o lado ideológico da Rússia, significa paz mundial pela magnitude de sua própria proposição.

"A Alemanha é uma chave para uma paz firme, porque a América e a Grã-Bretanha sozinhas não têm nenhuma chance de hegemonia", afirma o autor.

Resta esperar a História decidir.

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