“Eu acredito que o governo e o presidente, ao mostrar uma reação tão violenta contra a nossa publicação, deixaram demonstrar uma tática. As autoridades querem alcançar a mobilização extrema de nacionalistas, forças pró-governo para suprimir o sentimento de oposição na sociedade. A situação atual não vale a pena, em minha opinião, ser considerada apenas à luz do problema da liberdade acadêmica”, observou o professor.
Segundo ele, “na verdade, trata-se de um problema de violação dos direitos fundamentais dos cidadãos e da liberdade de expressão no país. “Uma investigação judicial, tendo em vista a assinatura do manifesto e o tipo de reação correspondente, não possui nenhum fundamento legal e jurídico", observou o acadêmico.
O manifesto “Iniciativa de universitários pela paz”, que reivindica o fim da intervenção das forças de segurança contra os integrantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), no Sudeste do país, de maioria curda, foi assinado por quase 1.200 pessoas na última segunda-feira (11).
Na madrugada desta sexta-feira (15), 21 acadêmicos foram detidos, por determinação do Ministério Público, e colocados sob custódia policial em Kocaeli, no Noroeste da Turquia, acusados de “propaganda terrorista” e “insulto às instituições e à República turca”.
“Não é preciso colocar as críticas às ações do PKK e as ações das autoridades do país no mesmo lugar. Enquanto o PKK continuar se utilizando métodos terroristas de luta, será mantida como um grupo terrorista, esta disposição está contida no Código Penal da República da Turquia”, acrescenta Ahmet Insel. Segundo ele, como cidadão da República da Turquia, tem o direito de esperar e exigir que o Estado aja dentro das normas legais estabelecidas, os direitos e liberdades fundamentais previstos na Constituição.