Essa é a história de Didi, argelino de 35 anos que no momento dos ataques trabalhava como vigia no teatro Bataclan, local em que os terroristas fizeram uma enorme quantidade de reféns, assassinando à queima roupa mais de uma centena de vítimas.
Didi foi responsável por avisar e conseguir evacuar através das saídas de emergência dezenas de pessoas que estavam dentro do teatro no momento da invasão. Considerado um "herói esquecido do Bataclan", a sua coragem pode ser devidamente recompensada através de uma petição de 30 mil assinaturas que pedem a sua naturalização na França.
Didi disse ainda que, inicialmente, a iniciativa havia sido criada somente como uma "petição para atribuição da Ordem da Legião de Honra", o pedido de naturalização vindo a ser incluído posteriormente neste documento.
"De início eu nem entendi e fiquei muito impressionado, já que não havia pedido nada a ninguém. Além disso, para mim, a naturalização não é uma prioridade, já que tenho documentos oficiais" – disse.
Comentando a sua atuação naquele trágica noite, Didi alertou ainda para o fato de que policiais e seguranças convencionais não dispõem de recursos, de armamentos necessários para combater terroristas determinados em levar a vida de um máximo número de pessoas, e que para combater um mal como este é sempre necessária a intervenção de militares ou batalhões de operações especiais.
"Creio que tirar a cidadania de terroristas, como os que invadiram Bataclan, não levará a nada. Afinal, eles decidiram morrer. Mas, se a medida for previamente aplicada àqueles que estão ligados à rede terrorista, então ela faz sentido. Ao mesmo tempo, se essa medida se tornar "exclusiva", ela não deve se transformar em medida comum [posteriormente]" – disse Didi.
"Essas pessoas não merecem a cidadania francesa. Por um simples motivo – elas não aceitam os valores fundamentais da França, não aceitam os valores republicanos" – concluiu o herói argelino.
O presidente francês, François Hollande, disse que o incidente representa um marco, a partir do qual a França, e a Europa toda, entraram "em guerra" contra o Daesh.