A irritação do governo ucraniano deve-se à intenção de Paulo Moreira de contar dois episódios importantes do início do conflito ucraniano: o surgimento de unidades paramilitares formadas por opositores do governo bem como o massacre em Odessa em 2 de maio de 2014.
Em relação à tragédia em Odesa, o diretor francês tentou falar com testemunhas e participantes dos eventos, tanto com as vítimas, quanto com os nacionalistas para conseguir uma imagem imparcial e multifacetada.
"Mais de quarenta pessoas foram queimadas vivas no centro de uma cidade europeia no século XXI com dezenas de câmeras e telefones inteligentes em toda parte, e ninguém geralmente lembra esta tragédia", disse Moreira em seu blog dedicado à crítica de seu trabalho.
"Durante meus estudos sobre o massacre — muitas vezes ignorado em nossa mídia —, tenho percebido a importância das milícias nacionalistas", disse Moreira. “Os batalhões de voluntários não são parte do exército, não estão sob a mesma disciplina, pode complementar o governo ou criar uma força policial paralela, e às vezes mostram uma ideologia neo-nazista”, diz o diretor.
Além disso, o diretor destacou em seu filme as frequentes visitas de diplomatas norte-americanos à Ucrânia e a brusca mudança de diretriz do país em proximidade com os Estados Unidos depois da revolução. "Parece que a Ucrânia era um peão no xadrez geopolítico dos EUA contra a Rússia", diz ele no documentário.
As conclusões de Paulo Moreira contradizem a posição oficial de Kiev, que considera as milícias nacionalistas como patriotas do país. Quanto aos eventos em Odessa, as autoridades ucranianas afirmam realizar uma investigação, mas desde a tragédia ninguém com cargos oficiais foi acusado, e os assaltantes do Edifício de Sindicatos continuam foragidos.