Governo da Bolívia denuncia financiamento norte-americano à mídia de oposição a Evo

ENTREVISTA COM CREOMAR DE SOUZA
Nos siga no
O ministro da Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana, denunciou que entidades dos Estados Unidos estão financiando órgãos de mídia bolivianos, apostando na desestabilização do regime do Presidente Evo Morales.

Evo Morales após receber o Doctor Honoris Causa na Universidade de Adour, na França, em 7 de novembro de 2015 - Sputnik Brasil
Há um 'plano estratégico' para Bolívia em Washington?
Segundo o Ministro Quintana, este financiamento tem se intensificado à medida que se aproxima o referendo de 21 de fevereiro. Naquela data os bolivianos irão às urnas para dizer se autorizam Evo Morales a apresentar uma Proposta de Emenda Constitucional que lhe permita disputar um quarto mandato consecutivo.

Se a autorização for concedida e a medida for aprovada pelo Parlamento boliviano, Morales poderá se habilitar à eleição presidencial de 2019. Uma vez eleito, permanecerá no poder até 2025. 

Em entrevista à emissora colombiana de TV  Abya Yala,  Juan Ramón Quintana citou instituições norte-americanas, entre as quais o National Endowment for Democracy (NED), como financiadoras da mídia oposicionista. Quintana disse ainda que esta entidade é fortemente dependente do Departamento de Estado, que a proveria de verbas para promover estes financiamentos.

O presidente boliviano, Evo Morales - Sputnik Brasil
Evo Morales busca mais uma reeleição para levar a Bolívia a um salto de qualidade
A instituição norte-americana negou qualquer responsabilidade ou envolvimento nas acusações feitas por Quintana, mas o ministro insistiu em suas denúncias, afirmando que, “como o Presidente Evo Morales tem muita força, apoio popular e um grande programa de transformação do país, ele se torna alvo de tais maquinações”.

Analisando as declarações de Juan Ramón Quintana, Creomar de Souza, da Universidade Católica de Brasília, destacou em entrevista à Sputnik Brasil que “este é um momento bastante característico da história boliviana, no qual um determinado grupo político que foi de oposição ao longo de sua história e bastante desarticulado – que eram as lideranças indígenas sob os auspícios de Evo Morales – alcançou o poder, conquistou vantagens estratégicas mas também a necessidade de lidar com o fardo de ter poder”.

“Então”, diz Creomar de Souza, “existem críticas sobre aquilo que não se faz, aquilo que se deixou de fazer e aquilo que ainda está por ser feito. Neste sentido, acaba sendo necessário não só prestar contas daquilo que efetivamente tem sido feito, justificar o que não foi feito e encontrar também elementos justificadores para algum eventual acidente de percurso que marque o seu caminho.”

Em ritual indígena, Evo Morales celebra permanência no governo da Bolívia - Sputnik Brasil
Evo Morales: ‘O povo quer que eu fique no poder’
Sobre a hipótese de a suposta ação do National Endowment for Democracy – já negada pelo órgão – ocorrer com vistas à iminente realização do referendo que poderá possibilitar mais uma eleição de Morales, o Professor Creomar de Souza diz que “todo processo eleitoral é sujeito a algum tipo de manipulação à medida que seus organizadores e participantes não estejam envolvidos em uma lógica de transparência”.

“O que podemos depreender desse processo todo é que a pressão que se coloca a partir de uma votação tão importante mobiliza tanto quem é favorável ao Presidente Morales quanto quem é contrário. A partir dessas mobilizações, vemos o crescimento do tom do discurso. A oposição vai bater mais pesado na ideia de que não é positivo para o sistema que o presidente possa se candidatar mais uma vez, e a situação vai bater muito forte no sentido de dizer que a melhor coisa que pode acontecer é que o presidente seja candidato e que a regra merece ser mudada, porque isso seria bom a todos.”

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала