Criticando nominalmente o empresário Lorenzo Mendoza, Maduro conclamou o povo venezuelano a protestar nas ruas contra esse tipo de empresário. Ao mesmo tempo, determinou que o Ministério de Economia e Finanças dê respostas contundentes contra o que chamou de tentativas do presidente das Empresas Polar de sabotar a economia.
Com uma inflação de 141% entre janeiro e setembro do ano passado – últimos dados divulgados pelo Banco Central –, a economia venezuelana vem passando por um período de turbulências agravado pela queda na cotação do barril de petróleo, commodity que representa 95% das exportações do país. A política cambial também tem contribuído para as oscilações. Pela taxa oficial, o dólar vale 6,35 bolívares, ou 13,50 no câmbio turismo. No mercado paralelo, contudo, a moeda americana era negociada em 884 bolívares nesta sexta-feira, 4.
O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, aponta o câmbio como uma das principais fontes de dificuldade da economia venezuelana.
“Com um dólar se aproximando dos mil bolívares no mercado paralelo, isto faz com que muitas empresas não tenham como importar. Elas não conseguem vender mercadorias no mercado interno com margem de lucro. Aí vem o desabastecimento.”
“De uns tempos para cá, passamos a exportar carnes bovina e de frango, leite, açúcar e papel, que, por serem produtos de primeira necessidade, acabam sendo adquiridos pelo Governo pelo câmbio oficial. Outras exportações, que não dependem do câmbio oficial, são feitas às vezes com a exigência de pagamento antecipado.”
O diretor da AEB diz que, embora os números não sejam oficiais, estima-se que a Venezuela tenha hoje uma dívida entre US$ 9 bilhões e US$ 10 bilhões com fornecedores em todo o mundo. Só com o Brasil, essa dívida giraria entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões. Mesmo assim, Castro defende o apoio do Brasil ao país vizinho.
“É importante que a Venezuela busque a estabilidade econômica, política e social. No segundo semestre deste ano, ela vai assumir a presidência do Mercosul. É um país importante. Não podemos abandonar a Venezuela.”