No início do mês, a ONU protagonizou uma grande polêmica mundial, quando o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Zeid Al Hussein, pediu aos Governos de todo o mundo a revogação de leis que limitassem o acesso a serviços de saúde sexual, reprodutiva e ao aborto, para enfrentar a expansão dos casos do zika vírus.
No Brasil, as declarações do Papa Francisco foram bem recebidas por diversas organizações não governamentais feministas. Em Recife, a coordenadora do SOS Corpo Feminista para a Democracia, Sílvia Camurça, elogiou a defesa feita pelo Papa sobre o uso de contraceptivos para evitar os efeitos do zika vírus.
Segundo Sílvia, os setores mais conservadores da sociedade brasileira não vão gostar nem um pouco do posicionamento do Papa, que traz um novo enfoque à questão.
“Há setores muito conservadores no cristianismo que têm reclamado bastante das posições deste novo Papa, mas também é compreensível o limite. Ele [o Papa Francisco] está dentro de uma instituição que há muitos anos vem tomando posições muito duras em relação ao direito das mulheres nas áreas da sexualidade e da reprodução. Ao mesmo tempo nos alegra [a declaração] de ele considerar os métodos contraceptivos."
"Os setores conservadores infelizmente estão muito bem distribuídos no país e com bastante acesso à mídia independente local. As resistências que vierem se expressarão conforme as estratégias que eles adotarem. Não vai implicar o fato de ser no Nordeste ou não. As mulheres que desejam não engravidar ou que estão com gravidez indesejada se sentem aliviadas quando uma liderança da sua religião é mais solidária com sua situação e seu drama. Isso repercute bem."