Porém, na manhã de 20 de fevereiro tal cenário parecia ficção porque após violentos confrontos que tinham durado dois dias e já tinham levado a vida de 31 manifestantes e oito policiais, as forças da polícia conseguiram reduzir consideravelmente a área de protesto no centro de Kiev e estava prestes a derrotar o movimento pró-europeu Maidan.
Ivan Bubenchik contou à edição on-line Bird in Flight que “cedo de manhã em 20 de fevereiro chegou um rapaz e trouxe um fuzil de assalto Kalashnikov em uma bolsa para raquete de tênis e 75 cartuchos”.
O radical pegou a arma e entrou no edifício de Conservatório de Kiev localizado na praça de Independência (Maidan Nezalezhnosti, em ucraniano) onde ficavam o campo dos manifestantes e as posições da polícia e aproximou-se da janela mais próxima aos redutos policiais.
“Eu escolhi aqueles que davam ordens. Não podia ouvir, mas vi os gestos. A distância foi pequena e por isso só dois cartuchos foram precisos para dois comandantes… Dizem que os matei atirando na nuca e é verdade. Assim se deu porque estavam de costas para mim. Não tinha possibilidade de esperar que eles se voltassem”, contou Bubenchik.
“Não era preciso matar outros [policiais], somente podia feri-los nos pés, saí do Conservatório e comecei a me mover ao longo das barricadas. Disparava criando aparência de termos 20-40 fuzis de assalto”.
O plano dele deu certo – a polícia recuou permitindo os manifestantes a tomarem vantagem tática.
O radical não lamenta ter atirado contra policiais que não o viam:
“As minhas vítimas são criminosos, inimigos. Eu devo falar para que outras pessoas saibam o que fazer com os inimigos”.
A crise política eclodiu na Ucrânia em novembro de 2013, quando as autoridades do país anunciaram a intenção de suspender o seu processo de integração europeia. Os protestos que começaram em Kiev, apoiados pelo Ocidente, levaram a um golpe de Estado em 22 de fevereiro de 2014, forçando o então presidente Viktor Yanukovych a fugir do país.
Dois meses depois, Kiev lançou uma operação militar contra os independentistas no sudeste do país, que não reconheceram a nova liderança no poder central.